31 de janeiro de 2013

Sugestões para celebrar o Imbolc

("Brigit", arte de Pamela Matthews)

Não me deterei em explicar sobre a história e significado desse festival céltico, pois iria apenas repetir o que já está escrito em muitos bons artigos:

Então, nesse breve texto darei algumas sugestões (simples) para celebrar o Imbolc.
Como esse é um dos festivais celtas mais domésticos, por causa do extremo frio que faz essa época nas terras da Europa[1], as famílias se reuniam em suas casas, em especial diante da lareira para honrar a deusa Brighid que em breve traria o Sol e o calor. Preces, canções, atos mágico-religiosos e oferendas eram feitas para a proteção da casa, da família e dos animais.

No dia 1 de fevereiro (ou numa data próxima) comece suas práticas religiosas para honrar e saudar esse festival[2]. Limpe sua casa, seu quarto. Faça uma faxina. Livre-se de coisas velhas, que não usa mais ou que lhe lembram de coisas ruins que aconteceram. Mude, transforme hábitos, pensamentos e atitudes negativas e viciosas.
Enquanto que em Samhain e Solstício de inverno damos mais atenção aos anciãos e antepassados, no Imbolc e na Primavera focamos nas crianças e nos pequenos.

Acenda uma vela em honra a Brighid na cozinha e se for possível coloque-a sobre ou próximo ao fogão (a nossa “lareira” hoje). Enquanto a chama queima, ouça músicas que gosta (e que Brighid talvez possa gostar também), cante cantigas para Ela (de sua autoria ou não), entoe poemas, ore a Ela e aos ancestrais, pedindo por proteção, cura, prosperidade, alegria, amor ou o auxílio para um problema em questão. Cozinhe. Faça algo inusitado ou tradicional, de família ou seu em particular. Ao ficar pronto compartilhe do alimento com amigos e parentes queridos, e ofereça um pedaço a Brighid (enterre, queime, deite sobre um rio ou deixe no altar por um tempo). Você pode oferecer também leite, mel, água, um arranjo de flores ou uma arte feita por você.

Ao sol se pôr ou quando achar que é propício acenda uma chama (uma vela ou fogueira) e recite orações e/ou poemas para Ela. Podem ter sido criados por você ou por outra pessoa, não importa muito, contanto que sejam palavras verdadeiras, intensas e que lhe toquem a alma. Se quiser, dance para (e com) Ela. Coloque para tocar uma música animada que goste, dessas com violinos, flautas e tambores... Ou então toque você mesmo um!
Deixe sua inspiração fluir. Deixe que Brighid fale aos seus ouvidos e coração. Deixe ela entrar em sua casa e encher você e aos seus de bençãos![3]

Obs: Na região norte do Brasil não temos um inverno como na Europa ou sul e sudeste brasileiro. Nosso inverno é carregado de chuvas, e ainda assim o calor é presente. Mas a água é quem reina nessa época, e à ela devemos dedicar honra e respeito nos festivais dessa metade do ano. Brighid é também senhora que cura, deusa das águas sagradas, dos poços e fontes. Que as águas que caem dos céus e as águas que enchem os rios nos purifiquem e levem embora para o mar o que não nos serve. Que as águas de Brighid nos cure, purifique, proteja e nos encha de bençãos de fertilidade!


Poemas ou canções para Brighid

Quem é ela que tem os cabelos de fogo e olhos penetrantes?
Quem é ela da voz suave e doce canto?
Quem é ela da face mais bela e mãos que afastam o pranto?

Quem é essa que guarda os segredos da cura?
Quem é essa que doma o fogo e a água?
Quem é essa da aura pura e radiante como a lua?

É Brighid, dos cabelos de fogo!
É Brighid, da fala mais doce!
É Brighid, da alma serena!
É Brighid, dos raios de sol!

Mãe da canção,
Mãe dos poetas,
Mãe da purificação.

Luz que me guia,
Luz que me protege,
Luz que me inspira e me dá sabedoria.

Divina mulher, estejas em minha casa.
Sábia senhora, estejas em minha fala.
Grande curadora, esteja em minhas mãos.
E pelo poder dos Três,
Que eu esteja em ti
E Tu estejas em mim.

Em uma só Canção,
Dentro de um só Coração,
Em plena União.

(Darona ní Brighid, escrito em 04/01/2013)

***

Quem é ela que vem com o Sol?
Quem é?
Quem é ela que traz o calor e a alegria?
Que é ela que traz a cura e a sabedoria?
Quem é?
É Brighid!
Rainha do fogo.
Senhora do poço.
Mãe dos poetas.
Guardiã da lareira.
Matrona da família!

(Saudação a Brighid e ao Imbolc. Darona, em 29.01.13).

***

Gabhaim molta Bríde
Ionmhain í le hÉirinn
Ionmhain le gach tír í
Molaimis go léir í

Lóchrann geal na Laighneach
A’ soilsiú feadh na tíre
Cean ar óghaibh Éireann
Ceann na mban ar míne

Tig an geimhreadh dian dubh
A’ gearradh lena ghéire
Ach ar Lá ‘le Bríde
Gar dúinn earrach Éireann

Tradução:

Eu louvo Brighid
Amada da Irlanda
Amada de todas as terras
Deixe-nos todos louvá-la

A tocha brilhante de Leinster
Brilhando em todas as partes da terra
O orgulho de todas as mulheres irlandesas
O orgulho das mulheres de bondade

Vem o Inverno escuro e difícil
Cortante com a sua severidade
Mas no dia da Santa Brighid
A Primavera irlandesa está perto de nós

(Tradicional canção/oração a Brighid)


***

Brighid do manto, rodeai-nos
Senhora dos cordeiros, protegei-nos
Defensora da lareira, iluminai-nos
Sob o vosso manto reuni-nos e restitui-nos a memória
Mãe das nossas Mães, antepassadas corajosas
Guiai nossas mãos nas vossas
Para acender a lareira, mantê-la viva, preservar a chama
Vossas mãos sobre as nossas, nossas mãos nas vossas
Para acender a luz tanto de dia como de noite
O manto de Brighid em torno de nós
A lembrança de Brighid dentro de nós
A proteção de Brighid livrando a nós
do mal, da crueldade e da ignorância
Neste dia e noite, do amanhecer ao anoitecer, do anoitecer ao amanhecer.
Assim seja.

(Tradicional prece a Brighid).




[1] No inverno, os dias que precedem a primavera são justamente os mais frios. À noite, o momento que precede a aurora costuma ser o mais escuro.
[2] Antes disso (uns dias antes), sugiro que estude e pesquise sobre a história, costumes e significados desse festival.
[3] Você pode fazer tudo o que foi sugerido aqui ou mais, ou ainda apenas o que for possível. Mas faça, e com espontaneidade, alegria e verdade, e tenha certeza que Brighid lhe abençoará. 




23 de janeiro de 2013

Bose Yacu Pacahuara



Hoje faleceu a indígena Bose Yacu, do povo Pacahuara, na amazônia boliviana (proximidade com o estado do Acre). Para alguns é só mais uma indígena que morreu, para outros é uma fonte enorme de sabedoria que se perdeu... Era a última que ainda falava a língua materna do povo Pacahuara, que conhecia canções tradicionais e guardava um enorme conhecimento de seu povo, hoje ameaçado de extinção, pois só existem cinco pacahuaras vivendo em um vilarejo no nordeste da Bolívia, e estão sendo assimilados pelo povo Chacobo.
Não acredito que a cultura Pacahuara morreu, pois nenhuma cultura morre completamente. Uma semente de sua sabedoria foi deixada com aqueles que conviveram com ela ou conheceram-na brevemente. Mas, infelizmente, muito se perdeu com a morte de Bose... E estou triste com isso... Deveríamos todos estar tristes com isso... 
Façamos uma corrente nas redes sociais (e em nossas vidas pessoais também, com orações, pensamentos, enfim) para honrar a memória de Bose e toda a sabedoria que ela representou (e ainda representa). E para lembrar a nós mesmos e aos governos da situação semelhante e injusta que ainda vivem muitas tribos indígenas no Brasil. 

Que Bose esteja em paz e alegria na terra sagrada de seus ancestrais. E que os povos indígenas tenham o devido valor e reconhecimento em nossa sociedade...! 

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/01/130121_pacahuaras_mdb.shtml

10 de janeiro de 2013

Roda de Conversa sobre Druidismo



Nessa roda iremos conversar sobre Celtas, Druidismo e os caminhos que existem dentro deste.
Como no dia também será Imbolc*, faremos um ato simbólico para honrar esse festival (quem quiser pode levar uma vela e/ou oferendas para Brighid).
A roda de conversa é aberta a qualquer pessoa interessada em conhecer a cultura celta e o Druidismo. Para participar envie um email com nome e telefone para nemeton.samauma@hotmail.com .

Bençãos dos Antigos!

"Honrar os deuses, não fazer o mal, agir com bravura".

*Imbolc é o antigo festival céltico em honra ao primeiro sopro da primavera e a Brighid, deusa da sabedoria, cura, poesia, da forja e do fogo sagrado.

6 de janeiro de 2013

Floresta de muitas árvores

Diversas árvores compondo uma só floresta...
Símbolos (de grande parte) dos grupos druídicos ou reconstrucionistas celtas no Brasil.

Vida longa e boa sorte aos bosques, clãs e tribos "céltico-brasileiras"!! /|\






4 de janeiro de 2013

Invernada Marajoara (Zezinho Vianna)



“Águas que rolam pro mar.
Redes que descem pros rios.
É o inverno que quer chegar.
Com o vento forte e frio.

Escurece o azul do céu.
Como se fosse um eclipse.
Chuvas fortes demais.
Dilúvio, apocalipse.

Numa canoa pequena.
No campo vou navegar.
Não vejo mais terroadas.
Só um imenso e vasto mar.

Com a folhagem na flor d’água.
Varas que vão empurrar.
Belas vistas apuradas.
Para poder contemplar.

Casa inundada no choque.
Lamas no meio da rua.
Pancadas de chuvas pesadas.
Que caem em noite de lua.

E a cigarra.
E a cigarra anuncia.
Cantigas para bailar.
Cantos dos sapos alegres.
O inverno que já ta pra chegar.
O inverno já ta pra chegar.

Lê lê lê lê lê lê
Lê lê lê lê lê a"

(Carimbó paraense que saúda o inverno amazônico).


30 Dias Druídicos

Acompanhe os 30 Dias Druídicos escritos por vários druidistas e druidas brasileiros. Leitura altamente recomendada =)

http://www.obosquedojavali.blogspot.com.br/2011/12/floresta.html