27 de novembro de 2011

Druidismo na Amazônia

A roda de conversa sobre o Druidismo na Amazônia programada para o dia 26/11/11 aconteceu, só que foi uma roda de duas pessoas rs. Eu, Mayra, e Ana aproveitamos o bosque da cidade para passear, (re)conhecer o local, conversar sobre assuntos diversos e meditar (a meditação dos três caldeirões). De volta para casa, alguns pensamentos e ideias tomaram minha mente e resultou então nesse texto abaixo. Aos que não puderam ir ao encontro por alguma razão, não se preocupem, estamos organizando um próximo. Por enquanto, espero que apreciem a leitura e que minhas palavras inspirem-lhes bons pensamentos...

DRUIDISMO NA AMAZÔNIA

Foto de Adriano Cavalcante. Paisagem em Soure (Ilha do Marajó-PA).


Um dos princípios fundamentais do Druidismo é honrar nossas Três Famílias de Ancestrais, que são os Ancestrais da Terra (povos nativos de sua região ou país e espíritos da natureza), Ancestrais de Sangue (nossos antepassados) e Ancestrais Divinos (os Deuses e Deusas Celtas).

Contextualizando para a Amazônia, onde nasci e resido (no Pará), os Ancestrais da Terra seriam os povos indígenas que habitaram e habitam a região, como o povo Tupinambá, Mundurucu, Aruã, Sateré-Mawé, Mawés e tantos outros (alguns já nem mais existem nesse mundo...); e os espíritos da natureza, que são Iara, Mãe do mato, Mãe do rio, Cobra Grande, Boto e uma infinidade de seres que guardam a mata e o rio chamados de encantados e caruanas. Nem todos esses seres são amigáveis, vale lembrar. Por isso o cuidado e o respeito serem extremamente necessários ao adentrarmos em um local, como matas e proximidade de igarapés e mangues, considerados locais onde eles habitam ou portais para o seu mundo (chamado de Fundo ou Encante).
Isso não é diferente nas culturas celtas, em que nem todas as ‘fadas’ e seres que habitam os Sídhe são amigáveis com os humanos. Alguns são indiferentes e outros podem ser mesmo hostis. Aqui em minha região, costuma-se dizer que um encantado pode malinar (fazer mal) uma pessoa sem nenhum motivo aparente, apenas por vontade. Às vezes o motivo é um desrespeito com o local onde eles habitam (sujar, por exemplo), caçar demasiadamente um tipo de animal ou passar em horas impróprias ou mágicas perto do rio ou mata, como ao meio-dia, às 15:00 h e 18:00 h.

Para algumas pessoas isso não passa de crença ou superstição do povo caboclo ou ribeirinho. Mas a verdade é que isso faz parte de todo um modo de vida, de pensar e relacionar com o meio a sua volta dessas populações. Muitas pessoas não conhecem ou sequer valorizam a cultura do local onde vivem. Observo com pesar muitos indivíduos que nasceram e moram na região amazônica, ou no Brasil, e não conhecem ou não dão devido valor a sua história, sua cultura. Pessoas que não gostam de sua terra, não gostam de viver no Brasil, na Amazônia, ou de serem brasileiros ou amazônidas. E como não gostam, não sentem vontade de lutar para melhorar a realidade de sua vida e sua comunidade. Isso é resultado, de certa forma, de todo um processo de colonização e história de uma sociedade que nos fizeram pensar que o Brasil e sua população não possuem valor e estão aí para serem explorados. Explorar a terra, os rios, os animais, as pessoas...

Uma pessoa que segue o Druidismo jamais deve pensar dessa forma. Algumas atitudes devem ser cultivadas entre aqueles que procuram estudar e viver o Druidismo, penso que algumas delas sejam as seguintes.
Primeiro de tudo, considerar sua terra como sagrada ou no mínimo merecedora de reverência e respeito, assim como todo o planeta. Devemos entender que o Brasil, a Amazônia, enfim, são espaços sagrados, tão quanto é a Irlanda, a Escócia e as terras célticas.

Conheça a história e a cultura de seu país e região. Ao conhecermos nosso passado, entendemos o presente e podemos mudar o futuro. Você não precisa ser um revolucionário ou militante político se não quiser. Podemos mudar o futuro de nossa comunidade ou região trabalhando a conscientização dentro de casa, do ambiente de trabalho e entre os amigos. Fazer as pessoas ao nosso redor conhecerem e refletirem sobre sua realidade já é muita coisa, mesmo que não pareça.

Conheça a cultura, a música e dança folclórica de sua região e país. Você não precisa sair dançando o samba, o frevo ou carimbó, se não quiser. Mas entender apenas que essas formas de arte são maravilhosas, falam por si, falam da história, cultura e imaginário de um povo.

Conheça um pouco sobre as plantas da região, suas propriedades medicinais e místicas. Temos na Amazônia e no Brasil como um todo uma diversidade rica e ainda pouco conhecida de ervas, plantas e árvores, cada uma com sua essência e poder.
Saiba sobre os animais comuns da natureza a sua volta, observe sua beleza, seu canto, seu movimento, suas cores e hábitos. Os animais são mensageiros dos deuses e também nossos irmãos.

Tenha a consciência de que uma árvore, um rio, uma pedra ou inseto que seja possui vida. O povo do interior conta que alguns encantados tomam a forma de animais, e não se engane em pensar que todos eles são amigos. Mas em todo caso, tenha respeito, sinta respeito e humildade com esse ser e sua morada, e nenhum mal ele poderá lhe fazer.

Não é muito pedir para que você acredite em botos e mães d’água. Se você acredita em fadas e leprechauns da Irlanda, porque não crer no povo encantado da Amazônia ou do Brasil? (lembrando da fala do amigo João Uberti em uma palestra no II Encontro Brasileiro de Druidismo). Importante apenas ter em mente que um não equivale ao outro. Quero dizer, o boto não é a selkie, curupira não é o Homem Verde e a matinta não é a Morrigan. As semelhanças entre eles pode até ser óbvia, mas há algumas características marcantes de cada um que não podemos ignorar, pois são seres relacionados a certos locais e suas personalidades chegam a ser bem diferentes.

Alguns seres encantados da Amazônia:

Iara: palavra que quer dizer “senhora da água” ou “sobre a água”. Espírito feminino que mora e protege um rio ou igarapé. Se sentir que seu lugar está sendo desrespeitado por algum invasor que entra sem pedir licença, pode malinar essa pessoa provocando uma doença ou levando-a para o fundo. Também são chamadas de mães d’água e podem assumir a aparência de alguém conhecido para atrair a pessoa para o fundo da água.


Mãe do Mato: Encantado que protege as matas fechadas, árvores e animais que ali circulam. Pode mundiar (malinar) com caçadores que matam demais um tipo de animal ou pessoas que sujam o local ou fazem muito barulho enquanto andam na mata. Costuma aparecer em forma de sombra ou como um animal (geralmente um veado) para a pessoa.

Boto: Encantado que assume a forma de um homem bonito entre os humanos para seduzir moças em período de menstruação. Dizem que ele é atraído pelo sangue menstrual. As moças que se relacionam durante certo tempo com os botos podem ou morrer ou engravidar deles, dando a luz crianças normais ou botos (encantados), propriamente, e nesse caso eles devem ser deixados no rio para viverem no fundo. Há quem diga que os botos são na verdade marinheiros que aportam em cidades ribeirinhas e se aventuram com moças do local. Mas... vai saber. Infelizmente, existem pessoas insensíveis e covardes que matam esses animais para pegar apenas os olhos e o sexo, acreditando ser afrodisíaco. Isso é um crime e uma maldade terrível com esses animais...


Cobra-Grande: há vários tipos de cobras-grandes na Amazônia, algumas são princesas encantadas que se transformam em cobras como castigo por alguma transgressão. Outras são crianças que nascem com essa natureza (provavelmente filhas de encantados). Outras são caruanas importantes do fundo que auxiliam os pajés nos trabalhos de cura. E outras são cobras enormes que amedrontam pescadores e ameaçam afundar seus barcos. Reza a lenda que existe uma cobra-grande embaixo da cidade de Belém, com a cabeça localizada na Igreja matriz, e o rabo na Igreja em São Luís (Maranhão). O dia em que essa cobra se mexer, a cidade inteira vai para o fundo, e a cidade do fundo, com todos os encantados, vem à superfície. Acredito que exista algo mais substancial na lenda da cobra-grande, uma herança mítica ancestral quase esquecida. A tradição dos Mawés conta que a Grande Serpente, Mói wató Mãgkarú-sése, mãe de todas as cobras-grandes, teve que sacrificar seu corpo para ser transformado em nosso planeta (Urutópiag, de Yaguarê Yamã). Assim, do corpo da grande-cobra mãe surgiram as florestas, rios e muitos dos seres que conhecemos.

Matinta-Perera: seu nome nem é pronunciado em algumas cidades, de tão perigosa que é essa bruxa. Uma mulher (mas pode ser homem também) que tem o fardo de se transformar em matinta a noite para fazer o mal às pessoas ou testar sua coragem. Transforma-se em pássaro que anuncia a sua chegada com um assovio bem alto e agudo. Contam que se oferecer a ela café e tabaco, no dia seguinte ela vem buscar na sua casa. É um ser muito hostil e perigoso, de aparência feia que assusta até os ossos. Melhor nem mexer.

Há muitos outros seres que povoam o imaginário e a vida do povo na região, tão diversos quanto a própria Amazônia... mas fico por aqui, talvez em outro momento seja oportuno abordar mais coisas.

Obs.: essas informações são baseadas em livros que estudo sobre o folclore e a encantaria amazônica, e também em pesquisas de campo realizadas nos últimos anos em cidades do interior do Pará, além de casos e histórias contadas por conhecidos meus.


Bençãos dos Três Mundos sobre ti /|\


24 de novembro de 2011

Uma prece a Morrighan

Grande Rainha,
Mãe da noite mais escura,
E senhora de toda a soberania.
À você a quem os Deuses e não deuses são devotos
És a que inspira a fúria da batalha
E a que encaminhas ao Outro Mundo nossas almas
Levadas em suas divinas asas,
Ao som da harpa sagrada do Dagda.
Por ti eu chamo Morrighan!
Esteja comigo nessa noite abençoada,
leve aos Céus meus cantos e preces!
Levante por nós a sua justa espada!


(por Mayra Ní Brighid)

Uma prece a Dagda

Dagda, o Bom Deus, pai de todos nós
Que tocas a tua harpa divina, interminavelmente
Mudando os céus, o tempo e as estações
Que tua harpa toque e encante nossa vida
E nos leve em harmonia pelo caminho sagrado dos ancestrais
O senhor que é portador do cajado da vida e da morte
Peço que leve à morte a tudo o que precisa morrer
E que torne à vida tudo o que precisa renascer!
Que a semente de nossos antepassados cresça e floresça em nossos corações
E a honra aos Deuses esteja sempre em nossas canções!



(por Mayra Ní Brighid)

21 de novembro de 2011

Em defesa das águas, da vida e da Amazônia!

Movimento Gota D'água.
Conscientização e ação contra a construção de Belo Monte!

Ser druida ou ser pagão também é ser Consciente.

Consciência social e política também faz parte do ser druida ou pagão. Por isso somos contra a divisão do Estado do Pará!


VERDADES E MENTIRAS SOBRE A DIVISÃO DO PARÁ
(Texto extraído do site http://pontodepauta.wordpress.com/2011/11/12/verdades-e-mentiras-sobre-a-divisao-do-para/ )

Como é o Pará hoje?
O estado do Pará é o segundo maior do Brasil. Tem mais de 1,247 milhões de Km² e cerca de 7,5 milhões de habitantes, 2,1 milhões deles só na região metropolitana de Belém. Tem uma economia essencialmente primária ou seja, baseada na exportação de produtos sem industrialização. Minério, madeira, gado e grãos estão entre esses produtos. Embora as exportações tenham batido recordes a cada ano (o Pará é o segundo maior PIB mineral do País, atrás apenas de Minas Gerais), esse crescimento não é sentido pela população. Temos mais de 2,5 milhões de pessoas vivendo com menos de meio salário mínimo ao mês. E 1,5 milhão dessas vive abaixo da linha de pobreza (menos de R$ 70,00 ao mês); são mais de 700 mil analfabetos, o 2º pior saneamento do Brasil e o primeiro lugar em violência no campo e em desmatamento. Enfim um estado cheio de riquezas mas, com uma população extremamente pobre, evidenciando uma profunda desigualdade social.
Porque existe esse sentimento separatista?
São várias as razões. É verdade que o estado é grande, mas se os municípios do interior fossem assistidos pelo governo do estado não haveria vontade de separar. Se Redenção, Itaituba, Oriximiná, Rio Maria e os demais municípios do interior não padecessem de falta de hospitais, escolas, segurança, saneamento e moradia o sentimento separatista não prosperaria. Logo esse sentimento tem responsáveis: são os governos do PMDB, do PSDB e do PT que abandonaram o interior.
Dividir o estado resolve essa situação?
O Pará não é pobre por ser grande, mas por adotar um modelo de desenvolvimento predatório e concentrador que privilegia latifundiários, mineradoras, madeireiros e sojeiros. Enquanto esse modelo permanecer, pouco importa o tamanho do estado. Os habitantes do oeste e do sul e sudeste paraense alegam que vivem no abandono porque estão distantes do poder, do governo do estado. Quem conhece Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba ou demais cidades próximas a Belém, sabe que aqui vivemos os mesmos problemas que o povo do interior. Atrás do Palácio dos Despachos, sede do governo do estado, fica o bairro do tapanã, que vive na maior miséria mesmo estando colado na sede do poder. A questão não é a distância física, mas a distância política.
Quando e como vai se realizar o plebiscito?
O plebiscito, o primeiro a ser realizado no país para aferir a posição da população acerca da divisão de um estado, vai ser realizado dia 11 de dezembro, domingo das 8:00h às 18:00h. Todos os eleitores aptos estão obrigados a votar. Vamos responder se somos ou não favoráveis à divisão do estado para a criação do estado do Tapajós e do Carajás. O número 77 significa sim à divisão e o 55 não à divisão do Pará. Após a apuração o resultado será encaminhado ao Congresso Nacional para decisão e posteriormente à presidência da República para sanção.
Quem ganha com a divisão do estado?
Com certeza não será o povo. Muitos políticos estão de olha na divisão pois vislumbram possibilidade de se elegerem. Se o Pará for dividido serão criados inúmeros novos cargos eletivos: serão 2 novos governadores, 6 novos senadores, 16 novos deputados federais, 48 novos deputados estaduais, 20 secretários de estado, 14 desembargadores, 6 conselheiros de contas e centenas de cargos comissionados. Tudo isso custará milhões e milhões reais, pagas pelo povo, como sempre. Enquanto isso o Pará remanescente perderia 5 deputados federais e 5 estaduais.
O Tapajós e o Carajás são viáveis do ponto de vista econômico?
Não. Diversos estudos comprovam que estes estados já nasceriam deficitários. O estado do Carajás gastaria 26% do seu PIB (Produto Interno Bruto) só na manutenção da máquina estatal. O Tapajós 52% do PIB. Considerando que a média nacional é de 12,5%, constatamos que estes estados nasceriam devendo perto de R$ 2 bilhões a cada ano.
Os separatistas afirmam que quem mais ganha com a divisão é a população do Pará remanescente, isso é verdade?
Não. Eles estão concentrando a campanha no nordeste e na região metropolitana pois sabem que precisam ganhar votos daqui, caso contrário a divisão não será aprovada. Para isso usam argumentos falsos ou deturpados. Afirmam, por exemplo, que a maior parte do PIB ficará no Pará remanescente. É verdade que 55% do PIB ficaria no Pará, mas temos que considerar que a maior parte da população ficaria no Pará. Assim sendo o novo Pará ficaria com um PIB per capita (dividido pela população) de R$ 3,9 mil enquanto do Tapajós seria de R$ 4,7 mil e o do Carajás R$ 8,7 mil. Em outras palavras o povo seria penalizado ainda mais.
Um estado menor seria mais rico?
Se estado pequeno fosse sinônimo de estado rico Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e mesmo o Rio de Janeiro seriam verdadeiros paraísos. Alguns municípios paraenses, principalmente no sudeste, são muito ricos. Parauapebas e Canaã dos Carajás, dois expoentes da mineração, colecionam importantes indicadores econômicos. O PIB per capita de Belém em 2007 foi de R$ 9,7 mil. O de Parauapebas de R$ 45,2 mil e o de Canaã foi de R$ 48,6 mil. Apesar disso a população dessas cidades padece dos mesmos problemas que Belém. Quem conhece sabe da falta de segurança, de saneamento, de educação, saúde e moradia que assolam tanto Parauapebas quanto Canaã. O problema não está no tamanho do município ou do estado, mas no modelo de desenvolvimento adotado que faz com que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais miseráveis. Ter um estado menor não garante acesso do povo à riqueza. Além disso, é bom lembrar que o estado do Tapajós, se aprovado, já nasceria grande. Seria o 3º maior estado do Brasil, atrás apenas do Amazonas e do Mato Grosso.
Mas se não é o tamanho, quais os principais problemas do Pará?
O Pará padece de boa parte dos problemas dos demais estados brasileiros. O principal deles é a falta de políticas públicas. Embora os estado tenham enorme responsabilidade nessa situação, o maior responsável é o governo federal. Basta lembrarmos que me 2010 o governo Dilma destinou 0,04% do orçamento da União para o saneamento; 2,8% para a educação e 3,9% para a saúde. Enquanto isso, no mesmo ano, destinou 44,9% para o pagamentos dos juros e amortizações da dívida pública. De se lembrar que de 1995 a 2009 a dívida passou de R$ 60 bilhões para R$ 2 trilhões, embora tenhamos pago mais de R$ 1 trilhão. Ou seja, quanto mais pagamos, mais devemos. Outro problema é a lei Kandir, que desonera as exportações. Ou seja quem exporta fica isento de pagar o ICMS. De acordo com o TCE, o Pará perdeu, entre 1997 e 2010, R$ 21,5 bilhões com a Lei Kandir. Isso daria para construir 384 mil casas, zerando o déficit habitacional do estado. Por último tem a corrupção, que desvia anualmente bilhões de reais, impedindo que as políticas públicas cheguem ao povo.
Qual a solução então?
Não existe solução mágica, mas uma coisa é certa: ainda que a divisão não seja aprovada o estado do Pará nunca mais será o mesmo. O povo do interior não suporta mais tanto desprezo e abandono. Precisamos rever esse modelo de desenvolvimento, precisamos acabar com a Lei Kandir e estancar a corrupção. Precisamos de governos comprometidos com a causa do povo e de mecanismo de controle desses governos que estejam assentados na verdadeira participação popular. A verdade é que não precisamos de mais políticos (como alegam os separatistas) mas, de políticos melhores.

18 de novembro de 2011

Inspirações...


Inspirações após o II Encontro Brasileiro de Druidismo...
Poemas escritos em homenagem ao II EBDRC.


"Se perguntarem-me como foi o segundo encontro brasileiro de druidismo,
não será difícil dizer.
Eu vi alegria espalhada em cada canto daquele lugar.
Senti a magia ressoar em cada toque do bódhran,
em cada nota de uma whistle,
em cada melodia da harpa.
Ouvi belas melodias como se viessem de outro lugar...
Vi rostos conhecidos e também desconhecidos.
Sentei ao redor de uma fogueira ao lado de amigos.
Bebi o mais doce hidromel.
Compartilhei conhecimentos, aprendi ensinamentos, cantei para os Deuses.
Senti-me em Casa, entre irmãos e irmãs como se há muito não os encontrava.
Senti o vento frio das noites beijar minha face,
mas me aqueci no calor da amizade e carinho dos amigos de alma.
Vivi momentos que sonhava há tempos.
Senti-me entrar em uma jornada, em um lugar distante, como se de outro mundo.
E ao regressar dessa bem-aventurada jornada,
trouxe comigo lembranças de dias felizes,
aprendizados profundos,
laços de amizade que jamais serão rompidos.
Se perguntarem-me sobre o encontro de druidismo, direi simplesmente...
Foi um maravilhoso sonho. Um sonho incrivelmente real."

(por Mayra Ní Brighid)




Nessa Assembléia

"Havia música na mata
Havia vozes na floresta
Havia risos na terra
Onde Druidas se juntaram
Onde Bardos cantaram
Onde conhecimento foi partilhado
Nessa assembléia.

Havia nobres moças
Havia homens honrados
Havia muitas tribos em uma
Onde a natureza foi louvada
Onde as tradições foram lembradas
Onde o solo foi honrado
Nessa assembléia.

Havia risos e conversas
Havia danças e canções
Havia amigos e irmãos
Onde comemos juntos
Onde partilhamos o hidromel
Onde o passado foi lembrado
Nessa assembléia,

Havia louvores aos Deuses
Havia o amor pela Terra
Havia o respeito pelos Ancestrais
Onde a chuva nos atingiu
Onde o vento nos refrescou
Onde o fogo foi aceso
Nessa assembléia,

Havia paz entre as tribos
Havia amizade entre os membros
Havia satisfação nos olhos
Onde armas foram brandidas em paz
Onde palavras foram ouvidas com respeito
Onde o entendimento foi partilhado
Nessa assembléia."

(por Wallace William)




Muitas Tribos, um só Fogo.


"Eu me sentei junto ao fogo do único fogo
Me enrodilhei com serpentes, lobos, barros e tranças
Cantei como Bardo, dancei com as Fadas, amei com o instinto.
Vibrei o espirito com vozes ancestrais, 
Queimei como brasa no útero de Danú.
Senti Brigit dançar no ribombar dos tambores.
Pois eu estava lá. Junto com tantos seres queridos.
Junto da poesia e da magia dos Druidas e Druidesas vivos.
Não aqueles dos mitos a quem sim reverenciamos. Mas aqueles de carne e osso, 
que nos fazem encher o coração de inspiração e coragem.
Pois uma espiral, ainda mais brilhante cresce 
Na eternidade e nos três reinos.
Awen!"

(por Gabriel Braga)



"Irmãos de patas, de garras, de penas, de escamas,
Vozes diversas, expressões da alma de Hy Breasil
Sotaques de Pindorama.
E nos caldeirões da terra a Awen dança,
Raízes se entrelaçam.
Galhos se tocam.
É o canto da Samauma, Tabebuya Aurea, Araucarea, Figueira Branca, Bambuzal, é o canto do boto, do saci, curupira, é a voz da Jurema, é a Onça Pintada, aha!
É a mata que fala e invoca o espírito primeiro das coisas.
E fala de nossas bocas palavras de mel,
E nos ensina que não há o tempo, não o longe.
E nos movimenta sem que existam limites em nossas razões.
E nos inspira como a umidade inspira a fertilidade e o frutificar
E traz os Deuses para dentro das nossas casas
E faz nascer em nosso centro, uma casa redonda, para todos os sotaques abrigar."

(por Danielle Ribeiro)



Sagrada inspiração

Awen, a inspiração sagrada,
Que ao sorver das tuas bênçãos
Num frenesi de emoções,

Uniu nossas tribos durante a jornada

Bardos compunham um som delirante,
Onde ecoavam vozes de almas antigas,
Fluindo entre as espirais da vida

Em plena energia revigorante

O sonho que nos conduz entre os véus,
Seres mágicos, nobres feéricos dos montes
Apresentam-se diante do crepúsculo
Reverenciando a terra e os céus

Será o bosque sagrado centrado em nós?
Sensações entrelaçadas pelos reinos,
Despertam a tal esperança do amanhecer
Propagando seu ritmo intenso e veloz

Chama que aquece e acalenta os corações,
Os Deuses, ancestrais e espíritos da natureza,
Ultrapassam a névoa de prata e tornam-se orvalho
Embevecidos na essência de suas ações


Guerreiros, que a luta seja pela paz
E a nobreza perdure na verdade
Fincando suas espadas no chão
Para que o reencontro seja breve e eficaz
Por Morrighan, Brighid e a sagrada inspiração!

(por Rowena Arnehoy Seneween)





"Encontro de almas, de mentes de corações.
Com brilho nos olhos e sorriso nos lábios, chegavámos, de todas as direções;
Com Brigit insulflando inspiração e sua chama em nós.

Como um rio nossas conversas e Ideais fluiam, afluiam e convergiam;
De nós, para nós, para o Planeta.
E sem que vissemos, mas sentindo sua pungente presença, Mannanan guiava este navio de crença.

Com Nativa soberania iniciamos os saberes.
Seu filho um Xamã, nos ensina a adora-la.
Com Cantigos Prepara-la.
Jurema, és mãe, és Deusa e com nosso coração.
Passamos a ama-la.

Noite se fez e através de outro sábio Danu nos convidou.
E sem palavras ela nos disse:
Todo aquele que se fez nascer: Gritou, chorou e suou.
Através de seu ventre nos guiou.

O Dagda a tudo olhava, sorria e cantava.
- Gosto de pensar que em sua diversão por nós, ele hesitava em sua Harpa tocar.
Afim de prolongar esses momentos de fiel alento.

Familia se reencontra; Novo dia inicia.
As matinas, minha alma -Anan Cara - Aparecia.
A Ele e a muitos outros entre nós, Amergin o grande Bardo seu Dom Legou.
Música, Dança, sabor entre os seus.
Matando Saudades da Ilha que deixou.
Ao fim do dia se vai, evando com sua alegria, um pouco da minha.

Mas há Lugh a reinar,
Todas as habilidades estão a testar:
Equilíbrio, carinho, espadas, e um novo oráculo a vaticinar.

6 Princesas, sem ninguém ver, correm a adormecida fogueira;
Com travessuras a fazer.
Num momento criança, cantando ciranda
Estreitando laços, fomentando esperança.

Mas hei que são surpreendidas;
por um filho de Lugh a se divertir.
Filho este, que com sua Voz, nos faz a AWEN sentir;
Os 3 reinos, numa espiral, se Unir.

Histórias são contadas;
Vivencias partilhadas, Idéias, Grupos e
Onças apresentadas..

Taranis trégua não nos dá.
Não há problema,Rega a Terra.
Verdeja nosso Lar.

Morrigan o Corvo da Batalha;
Em volta do fogo, no salão da Assembléia anuncia:
Quais etapas de nosso bom combate, Inicia.
Da comunidade obter reconhecimento, Através de nosso DNA com conhecimento.

Ao fim chega nossa estrada, mas ajornada longe está de findar.
Partimos pois, rumo aos nossos horizontes.
Com novos amigos e experiências;

Enriquecendo com
Histórias, e novas Visões a compartilhar.
música e dança. Verso e proza.
Conhecimento, arte , encantamento
nossa alma e a do mundo.
Perpetuando no universo,
A memória, desse povo
Salutar."


(por Juliana Couto)




"Que bom seria viver para sempre assim.
Cantar em honra aos Deuses
Dançar com os amigos e beber hidromel sem fim.
Caminhar livre pelos campos
Sentindo a grama sob os pés
Ouvir o canto dos pássaros chamando pelo sol
E acordar de manhã não por obrigação,
mas para aproveitar o dia e não perder nenhuma canção!

Ah... Que bom seria viver para sempre assim.
Ao lado de amigos que compartilham as mesmas crenças
Cada um trazendo sua luz e características
Mas sem tantas diferenças
Irmãos e irmãs de caminho, o Druidismo
Ou nem isso, a Natureza
A qual somos todos filhos e guardiães de sua beleza
Beleza que reside em sua diversidade,
Provinda do norte, nordeste, sul e sudeste desta terra
Terra eterna e abençoada
Ela é Danu, Erin e também Iaci e Boiúna
Nossa Mãe Amada

Ah... como seria bom viver para sempre assim.
Ser quem realmente é, sem jamais se envergonhar
Olhar para o céu, as árvores e o lago
E então sonhar...
Sonhar que estamos juntos de novo,
Que o passado e o presente se unem como um todo
Ao mesmo tempo, aqui e agora
Antigos e novos Celtas, entre vates, druidas e poetas
E os Deuses e Deusas olham por nós,
A cada passo dessa jornada,
e tecem a teia novamente para reunir seus filhos e filhas
em outro grande encontro lá na frente...

Que bom seria viver assim para sempre."

/|\

Mayra Ní Brighid

16 de novembro de 2011

Encontro Brasileiro de Druidismo: (re)encontrando amigos de alma.

Inspiração, magia, alegria e amizade... Esses e outros sentimentos maravilhosos estavam presentes nesse encontro que marcou o ano de 2011 e deixou marcas de excelentes lembranças em cada um dos participantes. Foi um encontro de amigos, de irmãos de um mesmo clan, família. Em um ambiente de muita alegria, sabedoria, magia, música e espontaneidade o II Encontro Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta, realizado em Cotia (SP) entre os dias 12 e 14 de novembro, reuniu um aproximado de 40 a 50 pessoas, de vários locais do Brasil! E é claro, que a região norte estava lá, representada por Mayra ní Brighid, do Nemeton Samaúma. Confira algumas fotos registradas no evento, e sinta um pouco da energia maravilhosa deste encontro.

 Local do evento.

 Música, descontração e inspiração...!

Mais músicas...

Abertura do Encontro (em foco, as meninas do Clã Filhas da Lua, de Salvador-Bahia).



Entre amigos!

E mais amigos...!

Uma das palestras no evento. Esta foi com JP (Caer Ynis, de Florianópolis) sobre os símbolos celtas. 

Palestra com Marcos Reis (Caer Tabebuya, SP) sobre a Jurema, planta sagrada brasileira.

Danças escocesas, conduzida por Andrea Éire (Caer Tabebuya).

Palestra de Eldrich sobre o projeto da rede Druidismo Nativo Ativista.

E mais amigos...! :)

Palestra de Bellovesos, de Porto Alegre, sobre as Leis Célticas.

Palestra e meditação conduzida por Rowena (Caer Siddi-SP) sobre os Três Caldeirões.

Palestra de Lobo que Canta sobre A Transcendência da Awen.

Noite de músicas, danças, contação de histórias e muita magia!


Dança Celtic Fusion com Giovanna Ferraro.

Mini-oficina de Luta com Espadas.


Palestra de Bellovesos sobre Oráculo: Espelho do destino.

Vivência conduzida por Mayra (Nemeton Samaúma): Danças Circulares Sagradas: das terras célticas a Hy Braesil.

Fogueira sagrada no centro do salão. Fogo que nos aquecia e unia em amor, alegria e magia.


Ano que vem o encontro provavelmente será em Porto Alegre, então, já estejam sobreavisados quando iniciar as inscrições. Até lá todos aguardam ansiosos pelo próximo encontro, guardando na memória e no coração os momentos maravilhosos que vivemos e as pessoas incríveis que conhecemos.

2 de novembro de 2011

Roda de Conversa sobre "O Druidismo na Amazônia"

Para participar é só enviar um email para nemeton.samauma@hotmail.com com as informações abaixo e aguardar a confirmação:

Inscrição:

Nome completo:

Idade:

Religião:

Membro do grupo/coven/igreja (caso participe de algum desses):


Obs.: O local específico no Bosque onde será a roda de conversa ainda será definido, e assim que o for avisaremos aqui no Blog.