12 de setembro de 2015

Aberta as Inscrições para o VII EBDRC!!!

(arte por Marcos Reis)

Estão abertas as inscrições para o VII Encontro Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta, que será realizado nas datas 26, 27 e 28 de maio de 2016, em Belém/PA!!! :D


O 1º Lote de inscrições foi lançado hoje (12/09/15) e está com o valor promocional! E vale só PARA OS 10 PRIMEIROS INSCRITOS!!! (apenas de 1x e por depósito ou transferência). Então, aproveitem! ;)


Há duas opções de inscrições: a 1ª é para quem escolher dormir nos quartos em camas e a 2ª é para quem escolher o camping (levando sua própria barraca). Os valores para cada opção (deste 1º lote) são informados abaixo:


1) Inscrição para os Quartos (normal): R$ 360 

2) Inscrição para o Camping: R$ 260 


COMO SE INSCREVER?

Para efetuar a sua Inscrição realize o depósito ou transferência do valor na conta abaixo: 

BANCO DO BRASIL
Favorecido: Mayra Cristina Silva Faro (CPF: 526467502-34)
Agência 5779-7
Conta Poupança 13672-7 
Variação 51

Em seguida, envie um email para clannansamauma@gmail.com (com o assunto “Inscrição EBDRC”) com os anexos do comprovante do depósito/transferência digitalizado (em PDF ou JPEG) e a sua Ficha de Inscrição preenchida. Caso queira propor alguma atividade (palestra, minicurso ou vivência), envie junto com a inscrição um resumo (de no máximo 10 linhas) de sua proposta. 
Depois é só aguardar nossa confirmação! =)


*** 

Fique atento ao período de inscrições para participar do VII EBDRC!!


PERÍODO DE INSCRIÇÕES:

1º lote de inscrições: Setembro 2015 = R$ 360 (quartos) / 260 (camping).

2º lote: Outubro a dezembro = R$ 380  / 300 

3º lote: Dezembro a Janeiro = R$ 400 / 300

4º lote: Janeiro a Fevereiro = R$ 450 / 350

5º lote: Fevereiro a Março = R$ 500 / 420


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SOBRE A COMIDA:

Teremos um cardápio bem variado e saboroso ao longo dos 3 dias do evento, com alguns pratos típicos de nossa região! 
Para aqueles que não comem carne também haverá opção de pratos vegetarianos (não esquecemos de vocês amigos ;) ). 
Preparem-se para comer o nosso açaí, cupuaçu e tacacá! Tenho certeza que irão amar :D .

(Açaí paraense)


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Qualquer dúvida contate-nos pelo email ou facebook.

Estamos te esperando aqui, em nossa amada terra, ano que vem para este grande, mágico e inspirador Encontro! Que a Sagrada Samaúma e o Sagrado Carvalho abençoe a todos nós! Que assim seja!

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4 de agosto de 2015

1ª Reunião do Grupo-Semente

Nossa primeira reunião foi realizada no dia 02/08/2015, com as bençãos de Lugh e Brighid!
Em uma manhã de sol e calor na cidade de Belém/PA, a reunião foi regada à muita alegria, harmonia e amizade, sob as raízes de uma jovem Samaúma.

Que os Deuses abençoem nossa jornada! Que ela seja cheia de paz, sabedoria, cura e alegria!




29 de junho de 2015

O que é um Grupo-Semente?


- O que é um Grupo-Semente? 
É um grupo de estudos onde discutiremos e compartilharemos conhecimentos básicos sobre o Druidismo e a Cultura Celta.

- O que iremos estudar?
Um pouco da história e cultura dos povos celtas, o Druidismo ontem e hoje, mitologia celta, ritos e festivais sagrados da tradição, como desenvolver a relação com nossos Ancestrais e a natureza etc.


- Participar do grupo-semente implica que já sou membro do Clann an Samaúma?
Não, você pode participar do grupo-semente apenas para conhecer um pouco do Druidismo. Depois que finalizar o ciclo de estudos iniciais do grupo-semente e quiser continuar os estudos e se aprofundar no caminho druídico pode participar como membro do Clann.

- Quanto tempo dura os estudos do grupo-semente? 
Serão 9 encontros para estudar e conhecer alguns dos principais temas e crenças do Druidismo e cultura celta. Sendo um encontro por mês, o ciclo de estudos iniciais do grupo-semente pode durar de 9 meses a 1 ano.

- Posso desistir no meio do caminho caso eu não me identifique com essa religião/cultura?
Pode, ninguém é obrigado a permanecer se não for sua vontade.

- Paga alguma taxa de inscrição ou mensalidade?
Não, é uma atividade gratuita. Cada pessoa fica responsável por seu transporte, alimentação ou impressão dos textos (que serão enviados por email) caso deseje imprimi-los. Talvez precise pagar apenas a sua entrada no local das reuniões (parque zoobotânico).

- Como faço pra me inscrever e participar?
Envie um email para clannansamauma@gmail.com com as perguntas abaixo respondidas:

1. Qual seu nome civil (completo)?
2. Qual sua idade?
3. Qual número de seu R.G.?
4. É adepto de alguma religião? Se sim, qual?
5. Participa de algum grupo, coven, igreja?
6. Como se interessou pelo Druidismo e a cultura celta?
7. Qual seu telefone e email para contato?

(Menores de 18 anos só podem participar com autorização do pai ou mãe).

Se ainda tiver alguma dúvida, nos escreva ; )
(clannansamauma@gmail.com)

19 de junho de 2015

Grupo-Semente Kapok


Inscrições para o Grupo-Semente do Clann an Samaúma.

Interessados em conhecer ou se aprofundar no Druidismo e Cultura Celta devem enviar um email para clannansamauma@gmail.com respondendo as questões abaixo, até o dia 20/07/15.
Observação: menores de 18 anos só poderão participar mediante autorização por escrita dos pais ou responsável.

1. Qual seu nome civil (completo)?

2. Qual sua idade?

3. Qual número de seu R.G.?

4. É adepto de alguma religião? Se sim, qual?

5. Participa de algum grupo, coven, igreja?

6. Como se interessou pelo Druidismo e a cultura celta?

7. Qual seu telefone e email para contato?


- Como funcionará o Grupo-Semente: serão 9 encontros presenciais uma vez ao mês para estudos, meditação e vivências em grupo. Além do mais, cada participante deverá manter os estudos e práticas em casa, individualmente.


- A primeira reunião será dia 02/08/15, às 9:00 h, em local a ser definido.


(Kapok: nome do fruto e semente da árvore Samaúma).



"Três velas que iluminam toda a escuridão: a Verdade, a Natureza, o Conhecimento" (tríade irlandesa).
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15 de junho de 2015

VII EBDRC será na Amazônia!


É com grande alegria que anunciamos que o VII Encontro Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta ano que vem (2016) será pela primeira vez na Amazônia!! Especificamente em Belém, Pará!

A data será de 26 (a partir do meio-dia), 27, 28 (até as 17 h) de maio de 2016 (feriado de Corpus Christis).

No dia 29/05/16 de manhã faremos uma atividade extra, um passeio no centro da cidade, para quem ainda estiver por Belém.

O local do Encontro será na Arte-fazenda Renascer (Vila do Apeú, há 2 horas de Belém). Mas ao comprar as passagens, comprem para Belém/PA ok?

Mais informações sobre inscrições e etc. divulgaremos em breve.

Que o Carvalho e a Samaúma nos abençoem /|\

Relato de experiência sobre o VI EBDRC (por Keven Magalhães)


"No dia 02 de junho de 2015, eu sai de Belém/PA e viajei para Curitiba/PR em busca de um evento espiritual... o VI EBDRC. A jornada toda foi uma grande aventura, sendo que me perdi na cidade logo que deixei o aeroporto da dita capital ecológica. O 6° Encontro Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta se aproximava a cada momento, e a ansiedade crescia, eu me sentia inquieto, nervoso, mas feliz.


O evento teve seu início oficial no dia 04, às 13h:00, na Chácara Aizen... E também oficialmente, começava, nesse exato instante, o evento espiritual mais engrandecedor e distinto dos quais eu já havia participado. Talvez seja exagero eu falar dessa forma (embora eu creia que não). O ambiente parecia perfeito, o clima entre todos aparentava ser o de fraternidade, e a paisagem... Ah... Possivelmente o aspecto mais belo daquela realidade. Sensações as quais me perseguem a todo instante, o que as faz inesquecíveis.


Pude conhecer pessoas que as quais só conhecia via internet, ou que apenas havia ouvido falar, bem como pude conhecer novas personalidades, cada um com talentos únicos, com traços singulares. Na verdade, a única humana que eu conhecia ali, era a Mayra Darona NíBrighid, a qual representou o Clann an Samaúma muito bem em todos os momentos, levando sempre consigo a força da Amazônia. Toda essa convivência, com inúmeros familiares (pois é isso que creio serem: uma família) diferentes entre si, mas unidos por algo em comum, me fez verificar interpretações diferentes de uma mesma virtude, mas que ainda sim, conectava a todos – o que me fez crescer de forma descomunal, tanto culturalmente, quanto espiritualmente.



Fiz várias caminhadas (sozinho ou acompanhado) diurnas e, principalmente, noturnas. Na primeira caminhada noturna, para não dizerem que sou irresponsável (haha), eu levei uma iluminação artificial: o flash da câmera. Mas logo o guardei e fui caminhar sem o equipamento, bem como fiz nos dias seguintes. Tudo parecia sempre tão quieto, incessantemente tocado pela luz da lua, continuamente acariciado pelo silencio... A beleza do local era congelante. Me sentia afastado de tudo... Eu estava diante daquilo que sou. A sensação é indescritível. A inspiração parecia brotar das árvores.

Eu esperei por esse momento desde 2012, e a viagem valeu cada centavo investido, cada segundo que empreguei no local. Rendeu ótimos laços, rendeu grandes memórias.

Gratidão a todos que contribuíram, de forma direta ou indireta, com essa jornada".

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(Keven Magalhães, membro do Clann an Samaúma).

26 de maio de 2015

Celebração de 7 anos do Comitê Inter-religioso


O Clann an Samaúma participou da Celebração de 7 anos do Comitê Inter-religioso do Pará, realizada em 24/05/15, no Bosque Rodrigues Alves em Belém/PA.
Esperamos contribuir com o diálogo inter-religioso e fortalecer a cultura de paz em nosso estado e país. 
A paz no mundo começa com a paz no coração de cada um de nós.

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4 de maio de 2015

Eco-espiritualidade: que significa ser e sentir-se Terra?

(Texto de Leonardo Boff)


"A Terra transformou-se atualmente no grande e obscuro objeto do amor humano. Damo-nos conta de que podemos ser destruídos. Não por algum meteoro rasante, nem por algum cataclismo natural de proporções fantásticas. Mas por causa da irresponsável atividade humana. Duas máquinas de morte foram construídas e podem destruir a biosfera: o perigo nuclear e a sistemática agressão ecológica ao sistema Terra. Em razão deste duplo alarme, despertamos de um ancestral torpor. Somos responsáveis pela vida ou pela morte de nosso planeta vivo. Depende de nós o futuro comum, nosso e de nossa querida casa comum: a Terra. Como meio de salvação da Terra é invocada a ecologia. Não no seu sentido palmar e técnico como gerenciamento dos recursos naturais, mas como uma visão do mundo alternativa, como um novo paradigma de relacionamento respeitoso e sinergético para com a Terra e para com tudo o que ela contém.

Mais e mais entendemos que a ecologia se transformou no contexto de todos os problemas, da educação, do processo industrial, da urbanização, do direito e da reflexão filosófica e religiosa. A partir da ecologia se está elaborando e impondo um novo estado de consciência na humanidade que se caracteriza por mais benevolência, mais compaixão, mais sensibilidade, mais enternecimento, mais solidariedade, mais cooperação, mais reponsabilidade entre os seres humanos em face da Terra e da necessidade de sua preservação.

Nessa perspectiva alimentamos uma atitude otimista. A Terra pode e deve ser salva. E será salva. Ela já passou por mais de l5 grandes devastações. E sempre sobreviveu e salvaguardou o princípio da vida. E irá superar também os atuais impasses. Entretanto sob uma condição: que mudemos de rumo e que troquemos de ótica. Desta nova ótica surgirá uma nova ética de responsabilidade partilhada e de sinergia para com a Terra.

Tentemos fundamentar esse nosso otimismo.

1. Somos Terra que pensa, sente e ama
O ser humano, nas várias culturas e fases históricas, revelou essa intuição segura: pertencemos à Terra; somos filhos e filhas da Terra; somos Terra. Daí que homem vem de húmus. Viemos da Terra e voltaremos à Terra. A Terra não está à nossa frente como algo distinto de nós mesmos. Temos a Terra dentro de nós. Somos a própria Terra que na sua evolução chegou ao estágio de sentimento, de compreensão, de vontade, de responsabilidade e de veneração. Numa palavra: somos a Terra no seu momento de auto-realização e de auto-consciência.

Inicialmente não há, pois, distância entre nós e a Terra. Formamos uma mesma realidade complexa, diversa e única.

Foi o que testemunharam os vários austronautas, os primeiros a contemplar a Terra de fora da Terra. Disseram-no enfaticamente: daqui da lua ou a bordo de nossas naves espaciais não notamos diferença entre Terra e humanidade , entre negros e brancos, democratas ou socialistas, ricos e pobres. Humanidade e Terra formamos uma única realidade esplêndida, reluzente, frágil e cheia de vigor. Essa percepção não é ilusória. É radicalmente verdadeira.

Dito em termos da moderna cosmologia: somos formados com as mesmas energias, com os mesmos elementos físico-químicos dentro da mesma rede de relações de tudo com tudo que atuam há l5 bilhões de anos, desde que o universo, dentro de uma incomensurável instabilidade (big bang= inflação e explosão), emergiu na forma que hoje conhecemos. Conhecendo um pouco esta história do universo e da Terra estamos conhecendo a nós mesmos e a nossa ancestralidade.

Cinco grandes atos estruturam o teatro universal do qual nós somos co-atores.

O primeiro é o cósmico; irrompeu o universo ainda em processo de expansão; e na medida em que se expande se auto-cria e se diversifica. Nós estávamos lá nas probabilidades contidas nesse processo.

O segundo é o químico; no seio das grandes estrelas vermelhas (os primeiros corpos que se densificaram se formam há pelo menos l0 bilhões de anos) formaram-se todos os elementos pesados que hoje constituem cada um dos seres, como o oxigênio, o carbono, o silício, o nitrogênio etc. Com a explosão destas grandes estrelas (viraram super novas) tais elementos se espalharam por todo o espaço; constituíram as galáxias, as estrelas, a Terra, os planetas e os satélites da atual fase do universo. Aqueles elementos químicos circulam por todo o nosso corpo, sangue e cérebro.

O terceiro ato é o biológico; da matéria que se complexifica e se enrola sobre si mesma, num processo chamado de autopoiese (autocriação e auto-organização), irrompeu, há 3,8 bilhões de anos, a vida em todas as suas formas; atravessou profundas dizimações mas sempre subsistiu e veio até nós em sua incomensurável diversidade..

O quarto é o humano, subcapítulo da história da vida. O princípio de complexidade e de auto-criação encontra nos seres humanos imensas possibilidades de expansão. A vida humana floresceu, cerca de 10 milhões de anos atrás. Surgiu na Africa. A partir dai, se difundiu por todos os continentes até conquistar os confins mais remotos da Terra. O humano mostrou grande flexibilidade; adaptou-se a todos os ecossistemas, aos mais gélidos dos pólos aos mais tórridos dos trópicos, no solo, no sub-solo, no ar e fora de nosso Planeta, nas naves espaciais e na Lua. Submeteu as demais espécies, menos a maioria dos virus e das bactérias. É o triunfo perigoso da espécie homo sapiens e demens.

Por fim, o quinto ato, é a planetário; a humanidade que estava dispersa, está voltando à casa comum, ao planeta Terra. Descobre-se como humanidade, com a mesma origem e o mesmo destino de todos os demais seres e da Terra. Sente-se como a mente consciente da Terra, um sujeito coletivo, para além das culturas singulares e dos estados-nações. Através dos meios de comunicação globais, da interdependência de todos com todos, está inaugurando uma nova fase de sua evolução, a fase planetária. A partir de agora a história será a história da espécie homo, da huminidade unificada e interconectada com tudo e com todos.

Só podemos entender o ser humano-Terra se o conectarmos com todo esse processo universal; nele os elementos materiais e as energias sutis conspiraram para que ele lentamente fosse sendo gestado e, finalmente, pudesse nascer.

2. Que é a dimensão-Terra em nós?
Mas que significa concretamente, além de nossa ancestralidade, a nossa dimensão-Terra? Significa, primeiramente, que somos parte e parcela da Terra. Viemos dela. Somos produto de sua atividade evolucionária. Temos no corpo, no sangue, no coração, na mente e no espírito elementos-Terra. Dessa constatação resulta a consciência de profunda unidade e identificação com a Terra e com sua imensa diversidade. Não podemos cair na ilusão racionalista e objetivista de que nos situamos diante da Terra como diante de um objeto estranho. Num primeiro momento vigora uma relação sem distância, sem vis-a-vis, sem separação. Somos um com ela.

Num segundo momento, podemos pensar a Terra e intervir nela. E então, sim, nos distanciamos dela para podermos vê-la melhor e poder atuar nela mais acertadamente. Esse distanciamento não rompe nosso cordão umbilical com ela. Portanto, esse segundo momento não invalida o primeiro. Ter esquecido nossa união com a Terra foi o equívoco do racionalismo em todas as suas formas de expressão. Ele gerou a ruptura com a Mãe. Deu origem ao antropocentrismo, na ilusão de que, pelo fato de pensarmos a Terra e podermos intervir em seus ciclos, podermos nos colocar sobre ela para dominá-la e para dispôr dela a seu bel prazer.

Por sentirmo-nos filhos e filhas da Terra, por sermos a própria Terra pensante e amante, vivemo-la como Mãe. Ela é um princípio generativo. Representa o Feminino que concebe, gesta, e dá a luz. Emerge assim o arquétipo da Terra como Grande Mãe, Pacha Mama e Nana. Da mesma forma que tudo gera e entrega à vida, ela também tudo acolhe e tudo recolhe em seu seio. Ao morrer, voltamos à Mãe Terra. Regressamos ao seu útero generoso e fecundo. O Feng-Shui, a filosofia ecológica chinesa, apresenta um grandioso sentido da morte como união ao Tao que se manifesta nas energias da natureza. Durante a vida podemos nos sintonizar de tal forma com o Tao e com os ritmos da natureza que, na verdade, escapamos da morte; mudamos de estado para voltar a viver no mistério profundo da natureza, donde todos os seres vêm e para onde todos voltam. Conservar a natureza é condição de nossa imortalidade e condição também para que possam nascer novos seres humanos e fazerem seu percurso no tempo.

Sentir que somos Terra nos faz ter os pés no chão. Faz-nos perceber tudo da Terra, seu frio e calor, sua força que ameaça bem como sua beleza que encanta. Sentir a chuva na pele, a brisa que refresca, o tufão que avassala. Sentir a respiração que nos entra, os odores que nos embriagam ou nos enfastiam. Sentir a Terra é sentir seus nichos ecológicos, captar o espírito de cada lugar, inserir-se num determinado lugar. Ser Terra é sentir-se habitante de certa porção de terra. Habitando, nos fazemos de certa maneira prisioneiros de um lugar, de uma geografia, de um tipo de clima, de regime de chuvas e ventos, de uma maneira de morar e de trabalhar e de fazer história. Ser Terra é ser concreto concretíssimo. Configura o nosso limite. Mas também significa nossa base firme, nosso ponto de contemplação do todo,  nossa plataforma para poder alçar vôo para além desta paisagem e deste pedaço de Terra, rumo ao Todo infinito.

Por fim, sentir-se Terra é perceber-se dentro de uma complexa comunidade de outros filhos e filhas da Terra. A Terra não produz apenas a nós seres humanos. Produz a miríade de micro-organismos que compõem 90% de toda a rede da vida, os insetos que constituem a biomassa mais importante da biodiversidade. Produz as águas, a capa verde com a infinita diversidade de plantas, flores e frutos. Produz a diversidade incontável de seres vivos, animais, pássaros e peixes, nossos companheiros dentro da unidade sagrada da vida porque em todos estão presentes os 20 aminoácidos que entram na composição da vida. Para todos produz as condições de subsistência, de evolução e de alimentação, no solo, no sub-solo e no ar. Sentir-se Terra é mergulhar na comunidade terrenal, no mundo dos irmãos e das irmãs, todos filhos e filhas da grande e generosa Mãe Terra, nosso lar comum.

Esta experiência de que somos Terra constituiu a experiência matriz da humanidade no paleolítico. Ela produziu uma espiritualidade e uma política.

Primeiro uma espiritualidade: por todas as partes, a começar pela Africa, especialmente a partir do Sahara há alguns milhares de anos, de 7000-6000 anos antes de nossa era, quando era ainda uma terra verde, rica e fértil passando por toda a bacia do Mediterrâneo, pela India e pela China predominavam as divindades femininas, a Grande Mãe Negra e a Mãe-rainha. A espiritualidade era de uma profunda união cósmica e de uma conexão orgânica com todos os elementos como expressões do Todo.

Ao lado desta espiritualidade surgiu, em segundo lugar, uma política: as instituições matriarcais. As mulheres formavam os eixos organizadores da sociedade e da cultura. Surgiram sociedades sacrais, perpassadas de reverência, de enternecimento e de proteção à vida. Até hoje carregamos a memória desta experiência da Terra-Mãe, na forma de arquétipos e de uma insaciável nostalgia por integração, inscrita nos nossos próprios genes. Os arquétipos continuam irradiar em nossa vida porque rememoram um passado histórico real que quer ser resgatado e ganhar ainda vigência na vida atual.

O ser humano precisa refazer essa experiência espiritual de fusão orgânica com a Terra, a fim de recuperar suas raízes e experimentar sua própria identidade radical. Ele precisa ressuscitar também a memória política do feminino para que a dimensão da anima entre na elaboração de políticas com mais equidade entre os sexos e com maior capacidade de integração. Surgirá naturalmente a experiência de Deus como Mãe infinita e cheia de misericórdia. Essa experiência associada àquela do Pai de infinita bondade e justiça nos abrirá a uma experiência mais global e integradora de Deus.

Essa nova ótica poderá produzir uma nova ética, ética centrada no cuidado por tudo o que vive. No novo paradigma emergente, a Terra e os filhos e filhas da Terra fundarão a grande centralidade, talvez o grande sonho do século XXI. Então podemos contar com paz ansiada por todos, fruto da reconciliação do ser humano com suas raízes telúricas, com a Fonte generadora de todo o ser - o Deus-Mãe - morando todos juntos na Casa Comum, a Terra.

Enfim, queremos deixar uma questão em aberto: será que toda a luta pela terra que o Movimento dos Sem Terra, os Zapatistas e outros movimentos pelo mundo afora levam avante não vive dessa mística inconsciente, de que se trata não apenas de uma luta por um meio de produção (que nunca deixa de ser) mas acima de tudo por uma compreensão diferente do ser humano como um ser da Terra, pela Terra, com a Terra? Não há a percepção mais ou menos clara de que sem a Terra o ser humano é menos, não alcança ser plenamente humano e inteiro? Possivelmente esse valor, pois é disso que se trata, constitui a seiva secreta que alimenta todas as iniciativas, quase sempre arriscadas e que mantém viva a determinação, a despeito de todas as ameaças de morte, de ocupar a Terra para nela lançar raízes, morar, criar a sua morada (os gregos chamavam isso de ethos e os latinos de habitat), plantar e conviver com os outros seres da Terra?

A consciência coletiva incorpora mais e mais a idéia e o valor de que o Planeta Terra é a Nossa Casa Comum e a única que temos. Importa, por isso, cuidar dela, torná-la habitável para todos, conservá-la em sua generosidade e preservá-la em sua integridade e esplendor. Daí nasce um ethos mundial compartido por todos, capaz de unir os seres humanos para além de suas diferenças culturais, sentindo-se de fato como filhos e filhas da Terra que a amam e respeitam como a sua própria Mãe".

22 de abril de 2015

Celebração do Dia da Terra - registros

Na manhã do dia 19 de abril de 2015, o Clann an Samaúma realizou sua primeira atividade aberta deste ano, a Celebração do Dia da Terra. 
No espaço "Ruínas do castelinho" no Bosque Rodrigues Alves (um dos poucos espaços verdes e de floresta na cidade de Belém/PA), quase 30 pessoas estavam reunidas com um objetivo em comum: honrar a Mãe-Terra e todos os seres sagrados que nela vivem. A maioria dos presentes era de alguma tradição do paganismo (Wicca, Druidismo, Bruxaria natural...), mas também havia católicos, simpatizantes ao paganismo ou os que não se identificavam com uma religião específica. 

Iniciamos com uma roda de conversa sobre o cuidado e respeito à Natureza, a ecoespiritualidade no Druidismo e também sobre a luta dos povos indígenas no Brasil. 

(foto de Dannyel Castro)


Em seguida fizemos uma meditação ativa, visualizamo-nos como sementes no ventre da Mãe Terra e íamos pouco a pouco brotando e crescendo até sermos cada um uma árvore. Com nossas raízes firmes no chão e nossos ramos dançando ao vento, éramos árvores interconectadas umas as outras, e por conseguinte conectadas a todo o planeta, como uma grande teia da vida. 

(foto de Fabrizio Rodriguez)

Após a meditação, uma dança circular ("A Terra é nossa mãe") abriu o momento do "sarau", em que todos eram convidados a cantar, dançar ou declamar uma poesia em honra à Natureza e aos Ancestrais. 

(fotos de Fabrizio Rodriguez)



Terminado o sarau, agradecemos a todas as pessoas que participaram conosco dessa celebração tão agradável e encerramos com uma troca de abraços apertados e também de mudas e sementes! : )

(foto de Fabrizio Rodriguez)


(foto de Gabi Martins)


Partimos felizes e gratos daquela manhã, e certos de que uma semente de consciência e amor fora plantada no coração de cada um ali presente. E que a luz dessa semente se espalhe e irradie por todo o canto, despertando em nós o verdadeiro amor e respeito pela Mãe Terra. Bíodh se amlaidh! (Assim seja).


(foto de Fabrizio Rodriguez)



(Mayra Darona Ní Brighid).

8 de abril de 2015

Celebração do Dia da Terra

Convidamos todos(as) a participarem conosco de uma CelebrAção ao Dia da Terra!!
Haverá roda de conversa sobre o cuidado e preservação do meio-ambiente, a sacralidade da Natureza no Druidismo, meditação, dança circular, sarau e troca de mudas.
As atividades são abertas.