Muitas pessoas quando ingressam no Druidismo encontram uma certa dificuldade em relação a maneira “certa” ou mais druídica possível de realizar um ritual. Eu (Mayra) fui uma dessas pessoas. Lendo livros, sites sobre druidismo e cultura celta e conversando com pessoas que já trilhavam o caminho druídico há mais tempo, pude me basear e criar uma liturgia ritual druídica que funciona tanto em ritos individuais quanto grupais. Obviamente que é uma sugestão, e cada um que ler pode fazer suas alterações e adaptações, ainda mais porque vos será apresentado um “esqueleto”, com as etapas de uma celebração druídica, e aí cabe a sua inspiração e conhecimento criar o corpo e os detalhes.
Nosso intuito com esse texto é justamente ajudar e inspirar a essas pessoas que encontram dificuldade em realizar ou elaborar um rito druídico, sem saber por onde e como começar e o que fazer. Novamente, essa é uma sugestão, não uma cartilha ou modelo a ser seguido. O mais importante não é fazer um rito pomposo, com falas e invocações extensas, seriedade exagerada etc. A leveza e o poder, a fluidez e a firmeza, a espontaneidade e a preparação prévia, devem estar juntas em um ritual para que ocorra a contento dos Deuses, dos espíritos e de nós mesmos. No mais, leia bastante, estude as culturas celtas e ouça sua intuição. Você saberá o que fazer.
Etapas de uma celebração druídica:
1. Separe todos os objetos e materiais que serão necessários ao rito.
2. Prepare-se físico, emocional e espiritualmente para o momento. Esteja calmo, sereno, descansado e limpo. Prepare também o espaço onde será realizada a cerimônia. Organize o centro ou altar com os objetos sagrados.
3. Oferenda aos Forasteiros. Ela é necessária se o local do ritual não é ainda consagrado ou próprio para esse tipo de atividades. Os forasteiros são energias e seres (visíveis ou não) que podem se apresentar hostis ao ritual e as pessoas. É necessário fazer uma oferenda, a ser feita depois de uma prece pedindo por paz a todos que são contrários ao seu caminho. A oferenda pode ser três moedas douradas (lançando-as para fora do espaço do ritual) ou uma libação na terra de vinho ou suco de uva. Feito isso, consulte um oráculo para saber se a oferenda foi aceita e se o ritual pode ser transcorrido em paz.
3. Oferenda aos Forasteiros. Ela é necessária se o local do ritual não é ainda consagrado ou próprio para esse tipo de atividades. Os forasteiros são energias e seres (visíveis ou não) que podem se apresentar hostis ao ritual e as pessoas. É necessário fazer uma oferenda, a ser feita depois de uma prece pedindo por paz a todos que são contrários ao seu caminho. A oferenda pode ser três moedas douradas (lançando-as para fora do espaço do ritual) ou uma libação na terra de vinho ou suco de uva. Feito isso, consulte um oráculo para saber se a oferenda foi aceita e se o ritual pode ser transcorrido em paz.
4. Explicação breve do ritual, sobre o que se trata, os mitos e símbolos associados.
5. Concentração dos participantes. Faça alguma meditação/visualização. Sugiro a meditação da Árvore. Além disso, pode-se cantar ou tocar músicas que harmonizem e concentrem a energia.
5.1. Meditação da Árvore:
Relaxe e comece a respirar lenta e profundamente. Imagine que abaixo de você, nos mundos inferiores, há um grande lago de energia negra e fria. É a fonte da intuição e da fertilidade. Imagine que você pode ver e sentir a energia se movendo. Agora imagine sobre você, no mundo celestial, que já um grande lago de energia dourada quente. É a fonte do intelecto e da ambição. Imagine que você pode ver e sentir a energia se movendo. Levante as suas mãos aos céus e imagine que você é a grande bile - o ponto de ligação entre o nosso mundo e os outros. Sinta estas duas energias começando a fluir através de você - a energia dourada através das suas folhas e ramos - a energia negra através das suas raízes. Elas se encontram e se unem no seu coração igual a uma espiral celta com dois braços.
6. Conexão com os Três Mundos:
Tenha presente no altar símbolos dos Três Mundos (Mar, Terra e Céu). Conecte-se com esses Mundos, sinta-os em seu corpo e sua alma. Faça uma oração pedindo as bençãos deles em seu rito.
7. Consagração da água (da chuva, rio ou mineral). Em um recipiente com água diga ou mentalize palavras de poder, de cura e purificação. Respingue água em suas mãos e face, se tiver outras pessoas peça que elas façam o mesmo. Respingue água também no local e no altar.
8. Consagração do fogo. Acenda uma vela, fogueira ou chama proferindo uma oração ao fogo ou as dividades associadas a esse elemento (ex: Brighid, Dagda, Áedh).
9. Circunde o local três vezes em sentido horário aspergindo a água e caminhando com uma chama acesa por esse fogo (pode ser numa vela), enquanto profere palavras de purificação, proteção e luz.
10. Chamando pelas dádivas das quatro direções:
Peça ao Leste que lhe traga prosperidade, hospitalidade e dignidade.
Ao Sul, inspiração, música e fertilidade.
Ao Oeste, sabedoria, conhecimento, beleza, abundância.
Ao Norte, coragem, força e proteção.
E ao Centro, honra, nobreza, firmeza, sabedoria e justiça.
Peça ao Leste que lhe traga prosperidade, hospitalidade e dignidade.
Ao Sul, inspiração, música e fertilidade.
Ao Oeste, sabedoria, conhecimento, beleza, abundância.
Ao Norte, coragem, força e proteção.
E ao Centro, honra, nobreza, firmeza, sabedoria e justiça.
11. Chamado e oferenda às Três Famílias: Ancestrais da Terra, Antepassados e aos Deuses.
11. Invocação aos Deuses da ocasião (deidades relacionadas ao festival celta, solstício ou equinócio que está sendo celebrado).
12. Passagem da tradição. Momento para leitura de mitos e poemas relacionados ao festival. Apresentação de músicas e/ou canções, danças sagradas. Meditações relacionada ao significado do ritual. Consulta a oráculos.
13. Agradecimentos. Finalize o ritual agradecendo, voltando passo a passo até o ponto de partida. Agradeça aos Deuses da ocasião; às Três Famílias; às direções; aos Três Mundos.
14. Encerramento. Declare a intenção de finalização do rito, agradeça aos participantes. Faça o terramento, que consiste no ato de todos se sentarem ou deitarem tocando o solo e buscando equilibrar suas energias, para que ninguém saia sobrecarregado ou deficiente de energia do ritual.
15. Confraternização: momento do banquete, danças, músicas e conversas são bem-vindas.
Obs.: Texto escrito por Darona Ní Brighid. A invocação às direções é baseada no mito da Divisão das Terras de Tara (Suidigud Tellaig Temra), disponível no site “Keltia Brasil”.
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