28 de setembro de 2012

Equinócio de Outono


Aproveitando o período em que estamos, o Outono,  segue esse texto sobre o festival de Equinócio de Outono.


“Vamos aproveitar para brotar no outono,
Estar no outono da vida,
Na meia-idade,
Passar férias de outono em algum lugar.
Enfim... Precisamos outonear.”
(Marta Felipe)


Diferente do que geralmente acontece em outras regiões do Brasil ou do mundo, o Outono é uma estação muito bem-vinda no norte brasileiro, e recebido com alegria, festas e alívio. Alívio porque finalmente o calor intenso e o sol massacrante começam a ceder o lugar para as chuvas, o céu nublado e um clima mais ameno.
Mesmo que não tenhamos aquele cenário clássico dos filmes e pinturas, das árvores amareladas, as folhas caídas formando um belo tapete no chão e o vento frio anunciando a proximidade do inverno, ainda assim amamos essa época. Bem, pelo menos eu. Não temos esse cenário, mas temos as chuvas serenas, que pouco a pouco se intensificam, o céu nublado, que ainda assim não impede que a luminosidade e o calor do sol nos aqueçam, e o friozinho gostoso que fica depois de uma madrugada de chuva. Sem muito calor, mas também sem o dia inteiro de chuva, o outono para nós representa o equilíbrio. É como se a natureza mostrasse-nos sua face mais calma, mais serena e madura, e como se esse seu aspecto nos chamasse para fazer um momento de pausa, reflexão e descanso. E de fato fazemos essa pausa, o mês de setembro e principalmente o de outubro é o mês que mais tem feriados no calendário paraense, por causa do Círio (festa popular católica em honra a N. Sra. de Nazaré, padroeira do Pará, dos pescadores e considerada senhora das águas). Por ser uma festa que mobiliza boa parte da população é chamada de o “Natal Paraense”, e é tradição reunir a família em um almoço, cujo principal prato é o pato no tucupi, na casa do parente mais velho, geralmente a matriarca da família.
Essa festa popular lembra um pouco o Dia de Ação de Graças, comemorado nos EUA em novembro e no Canadá em outubro, e que, por sua vez, recorda os banquetes dos povos de outrora da antiga Europa em comemoração a época da Colheita. Essas festas coincidem com o período do Outono, que é para as populações antigas e agrárias o momento da grande colheita e representa a fartura da Terra, a maturidade da Natureza, o recolhimento e descanso depois de longo tempo de plantio e cuidado com a terra, aspectos esses que se refletem nos seres humanos. O Outono é a maturidade não apenas da natureza, mas também dos humanos (macro e microcosmos). É um tempo de, sobretudo, agradecimento pela fartura da Terra e pelas bênçãos alcançadas ao longo do ano.
O equinócio de outono era largamente celebrado pelos povos antigos (e ainda o é hoje, mas claro, não das mesmas formas). Na Anatólia ocorriam festas em honra a Cibele; na Grécia e outras regiões eram realizados os ritos eleusianos ou os mistérios de Elêusis, em honra a Deméter e Perséfone; em Roma era comemorado o festival de Ceres, deusa dos grãos e da agricultura; na Lusitânia céltica (em especial na região da Galícia) realizavam-se ritos para Nábia e também para Aetegina; na Irlanda o equinócio de outono era a ampliação e finalização das festas de Lúnasa, dedicados a Lugh e Tailtiu; na Escócia, o último feixe de grãos era ceifado de formas ritualísticas e amarrado em uma figura de palha que seria chamada de “Rainha da Colheita” e estaria repleta de poder fertilizador.
Na Irlanda há um monumento neolítico, o Loughcrew (que tive a dádiva de conhecer em julho desse ano) que existe desde 5000 anos antes de nossa era e é conhecido não só por sua beleza (pois fica no cume de uma grande colina) e complexidade, mas também por estar intimamente relacionado aos equinócios de primavera e outono.

Loughcrew, Irlanda (foto de Mayra Faro)

Há um desenho, um símbolo (dentre muitos outros) esculpido na pedra central de Loughcrew que se assemelha a uma roda do sol, e lembra a roda de uma carruagem. Esse símbolo aparece em várias pedras do interior desse monumento, mas os que estão na pedra central, e há quatro desenhados ali, são particularmente especiais, pois nos dias 23 de março e 23 de setembro eles são exatamente iluminados pelo sol no instante em que ele nasce. Nesses dias equinociais a luz do sol ao entrar na tumba forma um quadrado nessa pedra, iluminando desenhos específicos, que infelizmente hoje não sabemos o significado que eles trazem, e à medida que o sol vai subindo no céu, sua luz vai fazendo um percurso na pedra central, até finalmente sumir.

Rodas do sol e outros símbolos na pedra central de Loughcrew (foto de M. Faro).

 
Sol iluminando a pedra central no equinócio da primavera, em março de 2005 (foto retirada do site www.knowth.com).

Sol iluminando a pedra central no equinócio de outono, setembro de 2011 (do site http://www.newgrange.com/loughcrew-sep11.htm).


Esses eventos tão marcados em Loughcrew só podem nos confirmar uma coisa: que os equinócios definitivamente tinham grande importância para os povos da Idade da Pedra na Irlanda, e muito provavelmente também para os povos na Idade do Ferro, os celtas, que entraram em contato com esses primeiros povos, influenciaram-nos e com certeza foram influenciados por eles.
Em várias regiões do mundo céltico, como a Escócia, Gales e a Cornualha, o último feixe da colheita que era ceifado reunia em si um grande poder da Deusa Terra. Alex Kondratiev, em The Apple Branch, descreve alguns costumes tradicionais relacionados ao Outono ou a “Última Colheita”. Transcrevo aqui alguns trechos, que apesar de longos, são muito interessantes sobre os ritos e festas outonais:


“Então o último feixe era pregado a uma figura, um boneco de milho, representando o espírito que era planejado a morar. Este era frequentemente um animal, normalmente um animal fortemente associado com a Deusa da Terra – a lebre, porque ela realmente poderia se esconder entre os grãos, era um animal favorito óbvio. Na Cornualha ocidental o último Feixe ou pescoço era chamado de penn-yar (o pescoço da galinha). Mas em Gales a transformação da Deusa em uma égua era um tema tão importante e bem conhecido que a figura feita do último feixe era chamada caseg fedi (colheita da égua). Quando a boneca era uma figura humana, ela sempre era a representação da Deusa-Terra, mesmo se como um agente da fertilidade ou da seca. Em partes da Escócia os dois aspectos eram muito claramente diferenciados: se a colheita era julgada como uma boa colheita, a figura era dita como sendo de uma mulher jovem (a Rainha da Colheita, a Deusa como um ser fértil e amigável), mas se a colheita tinha sido ruim, a boneca era chamada Cailleach (a velha infértil, hostil às necessidades humanas). A maioria das comunidades mantinham a figura por um ano inteiro, queimando-a ritualmente na conclusão da colheita seguinte, tão logo a nova boneca havia sido feita. Nesse meio tempo, ela seria guardada em um espaço significantemente relacionado com a terceira função: numa árvore (retornando parcialmente, para a Terra), em uma cozinha, na igreja (onde os instrumentos de colheita eram abençoados), ou entre o estoque de semente que era mantido para ser semeado na primavera seguinte, onde era esperado que fosse ensinar aos novos grãos o poder do crescimento, passando em alguns deles sua essência.”

(...)

“A conclusão da colheita do grão era celebrada com uma festa na comunidade, o ancestral das festas da colheita doméstica ‘que ainda subsiste em áreas rurais, normalmente como atos de agradecimento sob o auspício da paróquia. Na Cornualha isso era chamado de Goeldheys ou festa das pilhas de palha’. A boneca de milho originalmente presidia nestas festas como convidado de honra. Em várias comunidades as cenouras - porque elas eram juntadas neste tempo – caracterizavam proeminentes como um ritual de comida; e na Escócia sua aparência fálica era invocada em magia de fertilidade, conforme as mulheres as desenterravam com espadas (associadas com simbolismo vaginal) enquanto cantavam:

Torcan torrach, torcan torrach
Sonas curran corr orm!
Micheal mil a bhi dha’m chonuil
Bríde gheal dha’m chòmhnadh.
Piseach linn gach piseach,
Piseach dha mo bhroinn;
Piseach linn gach piseach,
Piseach dha mo chloinn!

Fértil fenda, fértil fenda
Que a boa fortuna das cenouras pontudas estejam sobre mim!
Bravo Michael [i.e. Lugh] vai me doar,
Brilhante Brigit irá me ajudar.
O aumento de uma geração seja cada aumento,
Aumento para meu útero, aumento de uma geração seja cada aumento, aumento para minhas crianças!”

(...)

“Depois do recolhimento da colheita o ano pode ser dito como vindo para seu próprio clabhsúr (encerramento), tanto em termos da relação da Tribo/Terra no ciclo agrícola quanto em termos do ciclo samos/giamos dentro da Terra. Com o equinócio a Escuridão novamente ganha o controle, a energia giamos fica ainda mais proeminente nos ritmos diários do mundo natural, e as energias da Tribo humana devem lutar para se realinharem com a mudança da ordem das coisas. O próprio ato de recolhimento, de se voltar para o interior, é a característica principal do giamos (como oposto à qualidade expansiva e mudança externa de samos), e uma vez as atividades de coleta e armazenamento da colheita tenha sido completada, a estação da Escuridão pode se estabelecer completamente, presenteando o mundo com um período necessário de inação, contemplação, e descanso”



Além desses temas simbólicos, havia um outro muito presente em alguns costumes e mencionado em mitos celtas, que é a disputa do rei do verão com o rei do inverno pela união com a rainha da primavera ou a Deusa-Terra. Em outras palavras, era a peleja entre o inverno e o verão pela primavera, que dependendo da estação, ou do momento da Roda do Ano, um ou outro saía vencedor. Os equinócios são conhecidos pelo equilíbrio (em termos de duração) do dia e da noite, e simbolicamente, entre o verão e o inverno, mas passado o momento de equilíbrio um ou outro ganhará mais duração e intensidade com o passar dos dias. No caso, a partir do equinócio de outono, a noite (e o inverno) será mais longa do que o dia. E a partir da primavera, ocorrerá o contrário. Claro, isso pensando no contexto dos países célticos ou em lugares onde as quatro estações, de fato, são definidas, o que não é o nosso caso (que moramos no norte do Brasil). Mas era - e é - dessa forma que os celtas compreendiam e - o mais importante – honravam a natureza e o desenrolar de seus ciclos.
Na região norte a duração entre o dia e a noite não se altera ao longo do ano, mas é evidente a mudança do clima. De março a setembro é o calor e o sol que reinam, é o período que chamamos aqui de Verão Amazônico. E nos outros meses é a chuva e o tempo quase sempre nublado que dominam, sendo, portanto, o Inverno Amazônico.
A batalha entre o Rei Azevinho (inverno) e o Rei Carvalho (verão), disputando pela soberania na natureza, ou entre Gwynn e Gwythyr, disputando pelo amor de Creudiladd, ou ainda entre Bríde e Beira*, disputando pelo reinado e o amor do sempre jovem Aengus (o Sol), encarnam um tema mítico muito significativo relacionado a mudança das estações e ao ciclo anual (a Roda do Ano). Por essa razão acredito que esse tema também deva estar presente em um rito de celebração de equinócio.
Pontuando o que escrevemos até aqui, sugiro três aspectos que devem estar presentes, de alguma forma, em um rito de Outono.

1. Agradecimento à Mãe Terra pela colheita (ou seja, por todas as coisas boas que te aconteceram ao longo do ano, pelos frutos, simbolicamente falando, colhidos e pelos aprendizados adquiridos).

2. Um banquete, tendo como “convidada de honra” a Rainha da Colheita, que pode estar representada em uma boneca de palha (ou feita com raízes de patchouli, muito encontrada em feiras de artesanato em Belém), e que no próximo outono esta será queimada e uma nova deverá ser confeccionada ou adquirida (representando o fim de uma colheita-ciclo e início de outra).

3. A disputa entre o Inverno e o Verão, sendo que a vitória será do Inverno (é interessante que esse mesmo tema também ocorra no equinócio da primavera, e nesse caso, a vitória será do Verão). Duas pessoas podem representá-los e fazerem uma dramatização dessa batalha. Se houver uma terceira pessoa, preferivelmente do sexo feminino, ela pode representar a Deusa-Terra, a Soberania, que “entra em cena” no ápice da batalha e presenteia o Inverno com uma “dádiva” (pode ser uma espada, ou uma coroa de folhas secas ou típicas da época, um cetro ou cajado, ou um simples toque, que simboliza a sua escolha), que o dará força e o ajudará na vitória sobre o Verão. Para ficar com um aspecto mais regionalista, as duas pessoas podem ser denominadas de o Sol e a Chuva, que corresponderia ao Verão (Rei Carvalho, Gwythyr ou Bríde) e ao Inverno (Rei Azevinho, Gwynn ou Cailleach), respectivamente, tendo em vista que Sol e Chuva são atores marcantes em nossa região amazônica, e constantemente estão em “dança de guerra” ao longo de todo o ano.

Bom, essas sugestões podem ser obviamente adaptadas para cada contexto e realidade. Pode funcionar muito bem em um grupo druídico ou pagão céltico, mas com algumas modificações pode ser que também funcione em uma celebração individual. Aí vai depender de sua vontade e criatividade. Esperamos que essas sugestões e esse texto tenham lhe inspirado de alguma forma, e caso você utilize algumas ideias aqui expostas para sua celebração de equinócio, depois conte como foi! No mais, desejamos um feliz Outono (ou Primavera, para quem está na Roda Sul) para todos!



* Mitologia escocesa. Deusas que disputam pela soberania e de certa forma pelo amor de Aengus, o Sol. Para saber mais, leia “Wonder tales from scottish myths and lengends” (Donald Alexander Mackenzie), disponível em sacred-texts.com .



(Mayra ní Brighid)

Orações



Compartilhando algumas orações druídicas que podem lhe ajudar a compor suas práticas diárias. 


Oração antes de dormir

Com Brighid me deito, com Brighid me levanto.
Que meus sonhos sejam abençoados, que meu sono seja revigorante.
Que meu corpo e minha alma estejam protegidos,
por Brigantia e sua lança flamejante.
Que minha casa esteja guardada, que minha família protegida,
e todos os que amo abençoados.
Assim como o sol brilha de dia e a lua de noite, 
Que assim seja e assim se faça.

(por Darona ní Brighid)


Oração do Descanso

Abençoe tu, oh Bright, a moradia,
E cada pessoa que descansa aqui essa noite,
Abençoe tu, oh Bright, meus queridos,
No lugar onde eles descansam.

A noite que é essa noite,
E cada única noite.
O dia que é esse dia,
E cada único dia.

(Adaptado da oração 338 do Carmina Gadelica, Volume III. Extraída do blog http://tirtairnge.blogspot.com.br/).


Oração ao despertar
(Baseada na oração “Moch Maidin” de Robert Kaucher).

Eu me levanto hoje
Com a graça dos deuses,
Que eu tenha a força de um touro,
A sabedoria de um salmão,
A valentia de um javali,
Que haja excelência sobre minha casa,
Excelência sobre meus amigos,
E excelência sobre minha parte do trabalho.
Assim seja.


Oração ao Sol

Saudações a ti, ó Sol das estações,
Que atravessas o céu nas alturas;
Com teus passos vigorosos nas asas celestes
Tu és a gloriosa mãe das estrelas.

Tu desces ao oceano destrutivo
Sem prejuízo e sem temor;
Tu te ergues na crista das ondas serenas
Como uma donzela real em flor.

(Carmina Gadelica. Traduzido por Bellovesos, e extraído do site bellovesos.multiply.com)


Altu Paganach (uma benção pagã)
(geralmente proferida em agradecimento pela comida).

Na presença do meu povo,
desde o começo da vida,
na visão dos deuses
e dos não-deuses,
Em homenagem à imensa generosidade do universo,
Eu agradeço pela minha parte.


Oração de conexão com os Três Mundos
(geralmente proferida no inicio de um ritual, antes de uma meditação ou de uma oferenda).

A terra que me sustenta
A terra em mim
A terra que me rodeia,
an Talamh.
(repetir duas vezes)

O mar que me cerca
O mar em mim
O mar que me rodeia,
an Muir.
(repetir duas vezes)

O céu que me coroa
O céu em mim
O céu que me rodeia,
an Neamh.
(repetir duas vezes)

(Traduzida dos textos originais de Pauline Kennedy Allan, divulgados na Nemeton mailing list. Extraída do site Fidnemed Lusitania).


Oração dos Nove Elementos
(entoado repetidamente como forma de meditação, às vezes utilizando um colar de contas, tipo terço, com 3 conjuntos de nove contas, mexendo uma por cada linha).

Como a terra, a minha carne,
Como a pedra, os meus ossos,
Como as plantas, a minha pele e cabelos,
Como o mar, o meu sangue,
Como o vento, o meu fôlego,
Como as nuvens, os meus pensamentos,
Como o sol, a minha face,
Como a lua, a minha mente,
Como os céus, a minha alma.

(Traduzida dos textos originais de Pauline Kennedy Allan, divulgados na Nemeton mailing list. Extraída do site Fidnemed Lusitania).


Oração em honra a Brighid

Que arda sobre este altar
a tripla chama de Brighid:

Chama na forja,
que forma e tempera;

Chama no lar,
que cuida e nutre;

E Chama na cabeça,
que incita e inspira.


Uma outra versão desta oração:

Chama nas mãos,
que cura e ensina,

Chama na forja,
que molda e tempera,

Chama na mente,
que incita e inspira,

Chama de Brighid!


Oração a Manannán Mac Lir

Manannán Mac Lir,
Filho poderoso dos mares,
Guardião do outro mundo,
Senhor da magia, das muitas guerras
E das águas profundas,
Nós pedimos sua presença.
Grande rei da ilha das macieiras
E guardião das ilhas sagradas
Erga sua capa de brumas
E revele os mistérios invisíveis
Que nossos olhos não podem ver
Nós pedimos sua presença.
Pai generoso de muitos filhos
Proteja-nos com suas espadas
Que jamais perdem o alvo
E com sua armadura
Que por arma alguma é atingida.
Nós pedimos sua presença.
Manannán Mac Lir
Nós cavalgamos ao seu lado
Pelas ondas e campos floridos.

Faça uma oferenda de maçã e diga:

Receba nossa oferenda, oh Manannán Mac Lir,
Senhor dos portais e da Grande Sabedoria,
Abra os caminhos para nós.
Nós seguimos seus passos, andamos em seus caminhos.
Revele a nós seus ensinamentos, a caminhar em segurança,
E transpormos os portais entre os mundos.
Nós pedimos a você o brilho de seu poder.
Ande conosco Manannán Mac Lir!

(Oração criada/inspirada por Enbarr e Erik Wroblewski, do Fine na Dairbre).


Oração à Lua Nova

Estou levantando minhas mãos a ti,
Estou curvando minha cabeça a ti,
Estou lhe dando meu amor,
Tu, gloriosa joia de todas as eras.

Estou levantando meu olho a ti,
Estou curvando minha cabeça a ti,
Estou lhe oferecendo meu amor,
Tu, lua nova de todas as eras.

(Oração 309 do Carmina Gadelica, Volume III. “Para a Lua Nova, junto com a oração, normalmente fazemos uma oferenda: pode ser uma libação de leite ou água, uma fruta [especialmente a maçã] ou uma moeda de prata, uma vez que, dá azar olhar a lua nova pela primeira vez sem ter um presente”, por Leonni Moura [Leeh Brittany]. Extraído do blog http://tirtairnge.blogspot.com.br/)


(Mais uma) Oração à Lua Nova

Morrigu das batalhas,
Macha a Vermelha,
Badb que traz a Morte,
Pelo poder das Três em Um,

Se esta noite, oh Lua, nos achastes,
Em descanso pacífico e feliz,
Que sua luz banhada nos deixe,
Sete vezes ainda mais abençoados.

Oh Lua tão nobre,
Que assim seja,
Como as estações vem,
E as estações vão.

(Adaptado da oração 54 do Carmina Gadelica, Volume I. Extraída do blog http://tirtairnge.blogspot.com.br/) 


Oração ao Trovão

A voz do grande Dagda,
E ninguém é grande, apenas Ele.

(Adaptado da oração 302 do Carmina Gadelica, Volume III. Extraída do blog http://tirtairnge.blogspot.com.br/)


Oração (canção) ao Espírito das Plantas

Espírito das plantas venha a mim,
Na forma de uma verde donzela que dança.
Os seus olhos me enchem de paz,
A sua dança me enche de paz.

(Canção, aqui traduzida, de Lisa Thiel, "Spirit of the plants").

11 de setembro de 2012

Deuses Gaélicos (Irlanda)


Para quem está chegando e começando a estudar a cultura celta e o druidismo, segue abaixo um resumo (resumo mesmo) da mitologia gaélica irlandesa. Não estão todos os deuses e heróis da mitologia irlandesa, mas uma boa parte é citada aqui. O texto foi escrito por Lucas Rafael e publicado no site do Templo do Conhecimento, mas acrescentei alguns comentários (que estão entre colchetes) que achei necessários.
O estudo da mitologia celta é longo e praticamente interminável, mas é sempre uma caminhada proveitosa e enriquecedora, que nos leva ao mais fundo de nossas almas, é quase uma Imram ("jornada além do mar", ou viagem de descobrimento).
À esse texto, seguirão dois outros sobre os Deuses Galeses e Gauleses. Que essa leitura seja uma introdução sobre o tema e lhe instigue a buscar e conhecer mais sobre a mitologia celta.


"A Mitologia Irlandesa e seu Panteão"
(Por Lucas Rafael. Retirado do site templodoconhecimento.com)

As principais fontes da Mitologia Irlandesa vem dos monges irlandeses que escreveram as historias ancestrais de seu povo, os principais desses manuscritos são o Lebhor na bUidhre (livro da Vaca Parda), o Livro de Leinster, o Grande Livro de Lecan, o Livro Amarelo de Lecan, o Livro de Bellymote, o Livro de Lismore, o Livro de Fermoy e o Livro das Invasões (talvez o mais importante escrito da história mitológica da Irlanda).
Importantes também são os contos A Batalha de Mag Tuired e principalmente A Segunda Batalha de Mag Tuired. As principais histórias irlandesas rondam em torno do Ciclo de Ulster ou Ciclo do Ramo Vermelho, cuja história é contada no épico Táin Bó Cúalgne (formado pelos livros da Vaca Parda, de Leinster e o Livro Amarelo de Lecan), e no menos conhecido Táin Bó Froagh.
Também importante na Mitologia Irlandesa são as histórias de Finn e Oisin, que compõe o ciclo Fenianico ou Ossiânico, que estão narradas no Acallam na Senorach (Colóquios dos Anciãos).       
Os Táins e o Ciclo Feniano são os grandes épicos da Irlanda, comparáveis à Ilíada e a Odisséia de Homero, ao Mahabahrata hindu e os Eddas germânicos.
São centrais na mitologia Irlandesa as invasões sucessivas na ilha, começando por Cessair e Fintan, os seguintes foi o povo de Partholonm que foram destruídos pelos Fomorianos, logo depois viera os Nemedianos, foram rechaçados pelos Fomorianos e depois voltaram como os Fir Bolg, que fizeram uma era de paz e prosperidade.
Os Tuathas De Dannan foram os seguintes, como narrado nas Batalhas de Mag Tuired, eles derrotaram os Fir Bolg e depois os Fomorianos e tomaram o controle da Irlanda, mas foram depostos pelos Milesianos., liderados por Amergin; esses então passaram a controlar o mundo superior e os Thuata o inferior, vivendo nos Sídhe e se transformaram no povo pequeno, nas fadas irlandesas.
Com isso fica preparado o terreno para as histórias passadas no Táin Bó Cúalgne e no ciclo Ossiânico, povoados por personagens como Cuchullain, Conchobhar, Fergus, a rainha Medb, Finn, Oisin, Conaire e outros.
A última das invasões da Irlanda ocorre com São Patrício que cristianiza a ilha.
Nessa mitologia as figuras de deuses e heróis muitas vezes se confundem, não há uma separação clara, mas os Thuata sem dúvida são os que mais se aproximam dos deuses das demais tradições indo-européias, e os Fomorianos com os inimigos dos Deuses, como os Titãs gregos e os Gigantes germânicos.

A seguir um pequeno resumo do Panteão Irlandês:

Aine of Knockaine: Deusa do amor e da fertilidade, mais tarde foi conhecida como a rainha das fadas. Deusa relacionada à lua, colheita, e a criação de gado [associada a colina Knockaine].

Airmed: filha do deus da medicina Dian Cecht [é uma deusa da cura e conhece todas as ervas e plantas curativas].

Amergein: Bardo dos Milesianos que derrotaram os Thuata e tomaram o controle da Irlanda.

Angus Og: Deus da Juventude, do Amor e da Beleza na Irlanda Antiga. Um dos Tuatha de Dannan, Angus possuía uma harpa dourada que produzia música de irresistível doçura. Os seus beijos transformavam-se em pássaros que transportavam mensagens de amor [ele é associado a Newgrange ou Brú na Bóinne].

(Angus Mac Óg, o Jovem Deus)


Aoibhell: Mulher do Sidhe, morava em Craig Liath. 

Badb: Na mitologia irlandesa, Badb era uma das formas gigantes de Morrigan. Ela era suficientemente alta para colocar um pé em cada lado de um rio.

Balor: Fomoriano, avô de Lug, cujo equivalente gales é Yspaddaden Penkawr; tinha um único olho que fulminava todos a sua volta com seu veneno.

Banba, Eriu e Fodla: Trio de deusas filhas de Fiachna que personificam o Espírito da Irlanda.  [Eriu é a mais importante entre as três, e de seu nome originou o nome da Irlanda, Erin ou Eirénn].

Boann: Deusa do Rio Boyne e mãe de Angus Mac Og com o Dagda. Ela era esposa de Nechtan. [Em outras versões ela aparece como esposa de Ogma ou Elcmar. Por se aproximar da Fonte de Segais, o poço da sabedoria, as águas se rebelaram contra sua ousadia e provocou o surgimento do rio Boyne, às margens de Newgrange].

(O rio Boyne, na Irlanda, foto de Mayra Faro, 2012).

Bodbh: Deusa irlandesa que incitava os guerreiros durante a batalha.

Bres: Filho de pai Fomoriano e mão Thuata, traiu os Thuata e foi o pivô da segunda Batalha de Mag Tuired.

Brigit: Deusa tríplice de origem irlandesa, era filha de Dagda. [Nasceu junto com o sol no dia 01 de fevereiro, daí sua festa ser comemorada nesse dia, em Imbolc. Deusa do fogo sagrado, da lareira, da forja, poesia, sabedoria, cura e maternidade].

(Brighid, imagem de Jo Jayson, 2012)

Cessair: Mulher primordial que ocupou Irlanda antes do diluvio, era neta de Noé.

Cian: pai de Lug.

Creidhne, Goibhniu e Luichtanel: Deuses do trabalho em metal e das artes manuais da Tuatha De Danaan, respectivamente brazeiro, ferreiro e  carpinteiro.

Dagda: O Bom Deus, um dos principais do panteão irlandês, possuía uma harpa e um caldeirão mágicos e podia ter poderes maléficos ou benéficos [nesse sentido, acho que o autor se refere ao cajado de Dagda, que tinha o poder tanto de dar a vida quanto tirá-la de qualquer ser].

Danu: Deusa mãe Irlandesa, dá nome aos Tuathas de Dannan, o Povo da Deusa Dana. Mãe de Dagda. [há algumas controvérsias sobre essa informação, alguns estudiosos afirmam que Danu ou Anu sequer existe na mitologia céltica, e outros argumentam que ela representa a própria Terra, e por ser tão antiga e primordial seus mitos se perderam ou os escribas não se preocuparam em registrar algo tão intrinsecamente conhecido, que Anu é a mãe de todos os homens e deuses. Na Irlanda existem duas colinas que são associadas a Anu, chamadas de "Dá Chich Annan", ou seja, "Dois seios de Annan"].

(Deusa Danu)

Dian Cecth: Deus da medicina irlandês, colocou a mão de prata em Nuadu e matou seu filho Miach por não gostar da cura que ele fez na mão verdadeira de Nuadu.

Edain: Deusa dos cavalos, a Epona Irlandesa.

Elcmar: irmão de Dagda.

Etain: Na mitologia celta, Etain (A Brilhante) era a tripla deusa do sol, água, cavalos, fragrâncias, beleza, música e transmigração das almas.

Ethlin: Na mitologia celta,  era filha de  Balor. Balor, aterrorizado pela profecia de que seria morto pelo neto, trancou  Ethlin numa torre de vidro e colocou guardas para vigiá-la. Contudo, Cian disfarçado como mulher, entrou na torre e uniu-se a ela.

Fintan: Na mitologia celta, o salmão da sabedoria, era um metamorfo. Foi o único irlandês a sobreviver ao dilúvio mudando sua forma para um falcão para sobrevoar as águas e depois em salmão para nelas sobreviver. Tendo comido nozes mágicas recebeu todo o conhecimento, mas ficou preso numa rede e foi comido por Finn MacCool que acabou adquirindo seu conhecimento e seus poderes.

(Ilustração de Will Worthington em "O Oráculo Animal dos Druidas", 2010)


Lir: Divindade irlandesa, o Velho Homem do Mar [Lir é o mar, propriamente dito].

Lug (ou Lugh, Luga, Lamhfada, Llew Llaw Gyffes, Lleu, Lugos, Samildanach): Maior dos deuses irlandeses, chamado de Mão Poderosa ou Mão Longa, foi o último a se juntar aos Tuatha e possuía muitas habilidades.

Macha: Na mitologia irlandesa,  deusa de jogos atléticos, festivais e fertilidade [dá a luz 
 gêmeos no alto de uma colina, depois de ser forçada a fazer uma corrida com cavalos, e por essa razão amaldiçoa os homens do Ulster por terem-na desrespeitado, e a colina passou a se chamar desde então Emain Macha].

Manannan: era homenageado como uma das principais divindades do mar pelos irlandeses [é o deus do Outro Mundo, o que abre os portais para as ilhas abençoadas além do Oeste e  guia as almas dos antepassados. Deus preferido dos percadores e pessoas que vivem do mar ou próximo a ele].

(Manannán)


Mider: Deus do Outro Mundo [apaixona-se por Etain que a toma como esposa e a leva para o Outro Mundo].

Morrigan: Deusa irlandesa associada à gralha, deusa da guerra e do amor [seu nome quer dizer Grande Rainha, e portanto é uma deusa da soberania. Assume diversas formas, como a de um corvo, loba, enguia, uma bela e sedutora mulher ou uma velha curandeira. Antes da segunda batalha de Mag Tuired, une-se ao Dagda a beira de uma vala repleta de corpos dos guerreiros que iriam morrer na luta, Ela então prevê a vitória das Tuatha De Dannan].

(Mor Rhioghain, Grande Rainha).


Nechtan: divindade irlandesa das fontes.

Nuada (Nuadu): Deus irlandês que perde o braço na primeira batalha de Mag Tuired, reverenciado como maior dos deuses, cultuado também na Gália.

Ogma: deus irlandês semelhante a Hércules, Ogma tinha uma enorme maça com a qual defendia seu povo, os Tuatha de Dannan, sendo eleito seu campeão. Ele inventou a linguagem rúnica dos druidas, o Ogham [creio que o termo “linguagem rúnica” foi empregado aqui no sentido de comparação entre o Ogham e as Runas, não no sentido de equivalência].

Scathach / Scota / Scatha / Scath: Seu nome traduzia-se como A Sombra, Aquela que combate o medo. Mulher guerreira e profetisa que viveu em Albion, na Escócia, e que ensinava artes marciais para os guerreiros que tinham coragem suficiente para treinar com ela, pois era tida como dura e impiedosa. Não foi à toa que o adestramento [ou seja, treinamento] do herói Cuchulainn foi levado a cabo por ela mesma, considerada a maior guerreira de toda a Irlanda. Scath era ainda a patrona dos ferreiros, das curas, magia, profecia e artes marciais.

Deuses Galeses


Continuando a sequência de textos sobre mitologia celta, abaixo segue uma pequena lista sobre os principais textos mitológicos galeses, e os Deuses e personagens (não todos, porém) descritos nesses manuscritos antigos. Mais uma vez, essa é apenas uma introdução sobre mitologia celta, no caso a galesa, e o intuito é incentivar a busca e estudo mais aprofundado daqueles que se interessam pelo Druidismo e a cultura celta.


"A Mitologia Galesa e seu Panteão"
(Por Lucas Rafael, retirado do site www.templodoconhecimento.com).

A Mitologia galesa foi mais afetada por elementos externos, e seus principais escritos são:

O  Llyfr Du Caerfyddin (“Livro Negro de Caermarthen"). Aqui estão os poemas mais antigos em língua celta galesa sobre o rei Artur e o mago Merlim.

O Llyfr Aneirin (Livro de Aneirin), que contém o poema Gododdin do poeta galês Aneirin.

O Llyfr Taliesin (Livro de Taliesin), onde aparecem os relatos do livro Mabinogion.

O Llyrf Coch Hergest, o (Livro Vermelho de Hergesuno). Entre outros textos, conta com uma cópia em galês do poema arturiano Brut, os relatos do Mabinogion, e poesias de alguns bardos medievais importantes.

Livros como o Historia Brittonum de Nennius e o Historia regum Britanniae de Godofredo de Monmouth tratam do rei Artur.

O Mabinogion se encontra dividido em quatro ramos principais que são narrativas independentes, mas que se relacionam entre si. Possue também 4 contos independentes (Macsen Wledig, Cyfranc Lludd e Llefelys, Culhwch e Olwen e O Sonho de Rhonabwy) e mais três contos arturianos (Owein ou A Senhora da Fonte, Peredur, Filho de Efrawk e Gereint e Enid).

Personagens dos Quatro Ramos do Mabinogion:

Arawn: Rei de Annwvyn, submundo na tradição galesa. Deus da caça, associado aos cães.

Bran Vendigeit:  Herói do segundo ramo do Mabinogion gales, Bran “o Abençoado”, filho de Llyr, era um gigante. [No mito, ele e seu exército lutam contra o rei da Irlanda que desposou sua irmã por a ter maltratado. Na batalha muitos homens morrem, quase toda a população da Irlanda e de Gales, e Bran é seriamente ferido, mas pede que seus guerreiros cortem sua cabeça que magicamente - ora ele é um Deus! - continua a falar como se continuasse ligada ao corpo. Por muitos anos a cabeça de Bran fica no palácio, contando histórias e cantando belas e tristes canções a todos que o escutam, até que um dia Bran pede para que enterrem sua cabeça sob o palácio, para que mesmo sob a terra ele continue a proteger seu povo].

(A cabeça de Bran)


Branwen: “Corvo branco”. Filha de Llyr e irmã de Bran, esposa do rei da Irlanda Matholwch. Parece ser o aspecto poético de uma antiga divindade do  amor.

(Branwen, imagem de Emily Brunner)


Prydery: Filho de Pwyll e de Rhiannon, companheiro de Bran. Arrebatado de sua mãe o cria o rei Teyrnon.

Gilvaethwy: Na tradição galesa irmão de Ariandrod e de Gwyddyon.

Goevin: Formosa jovem em cujo colo devia apoiar os pés Math, filho de Mathonwy, para sobreviver em tempos de paz.

Gwyddyon: O Grande Druida dos galeses. Feiticeiro e bardo do Norte de Gales, seu símbolo era um cavalo branco. Rege a ilusão, as mudanças, a magia, o céu e as curas.

Lleu Llaw Gyffes: Filho incestuoso de Arianrod e Gwyddyon segundo a tradição galesa.

Llywarch Hen: Bardo mítico da tradição galesa.

Rhiannon: Grande rainha dos galeses, Rhiannon era a protetora dos cavalos e das aves. Rege os encantamentos, a fertilidade e o submundo. Aparece sempre montando um veloz cavalo branco.

(Rhiannon, imagem de Rebecca Guay)

Gwynn ap Nud: Rei das fadas e do submundo na tradição galesa.

Gwythyr: Oposto [isto é, opositor] de Gwynn ap Nud, Gwythyr era o senhor do mundo superior, também no folclore galês. [Gwynn e Gwythyr disputam constantemente pelo amor de Creudiladd ou Cordélia, que representa a primavera].

Math Mathonwy: Deus da feitiçaria, da magia e do encantamento no folclore galês.


Personagens do ciclo arthuriano:

Rei Arthur: Rei lendário da Bretanha, unificou o reino e é em torno de seu reinado que gira todo o ciclo arthuriano.

Bohort: Primo de Lancelot do Lago e rei de uma parte da Armórica. Encontra o Graal junto com Galahad e Perceval (o único que sobrevive nessa busca).

Edern: Filho de Nudd. Um dos mais velhos companheiros do rei Arthur.

Elaine: Filha de Pelles, o rei Pescador.

Pelles: O Rei pescador nos relatos arthurianos franceses.

Afang-Du: O filho da deusa Keridwen ou Cerridwen, para quem fez ferver um caldeirão da ciência do qual bebe três gotas o futuro bardo Taliesin.

Tristão: Herói de uma das lendas celtas mais conhecidas. Suas aventuras rondam em volta de seu amor pela jovem Isolda.

Uther Pendragon: Pai de Arthur e rei antes dele, se deitou com a mãe de Arthur por meio das manipulações de Merlin.

Viviane: Senhora do Lago de Avalon.

Vortigern: Rei usurpador e traidor na tradição galesa.

Ygerne (Igraine): Mãe do rei Arthur e de Morgana.

Yvain: Companheiro de Arthur. É um herói civilizador que combate as trevas mas não pode viver se não sob a dependência de uma mulher.

Galahad: Filho de Lancelot do Lago e de Elaine, supera todas as provas do Graal e morre vendo o que há dentro dele.

Ginebra (Guinevere): Esposa do rei Arthur. É célebre, sobre tudo, por seus amores com Lancelot do Lago. Precisamente por isto se produz a ruptura entre Lancelot e Arthur.

Gwendolin: Nome da esposa de Merlin em a Vita Merlini de Godofredo de Monmouth.

Gwendydd: Na tradição galesa é a irmã de Myrddin (Merlin).

Gwrhyr: Velho e bom amigo do rei Arthur, que possue poderes mágicos e fala com os animais.

Kai: Companheiro de Arthur.

Lancelot do Lago: Mais famoso cavaleiro de Arthur, tem relações com Guinevere e é pai de Galahad que acha o Graal.

Mordred: Um dos sobrinhos de Arthur e seu filho incestuoso. Era a encarnação das forças das trevas. Mata o pai e é morto por ele.

Morgana: Sua comunidade consta de um total de nove sacerdotisas (Gliten, Tyrone, Mazoe, Glitonea, Cliten, Thitis, Thetis, Moronoe e Morgana) que, nos tempos romanos, habitavam uma ilha diante das costas da Bretanha. Falam também das nove donzelas que, no submundo galês, vigiam o caldeirão que Arthur procura, como pressagiando a procura do Santo Graal. Morgana faz seu debut literário no poema de Godofredo de Monntouth intitulado "Vita Merlini", como feiticeira benigna. Mas sob a pressão religiosa, os autores a convertem em uma irmã bastarda do rei, ambígua, frequentemente maliciosa, tutelada por Merlim, perturbadora e fonte de problemas.



Nimue: Nome que Thomas Malory  dá a Viviane. [seduz e aprisiona Merlin em uma torre de cristal na floresta de Broceliande e rouba seus poderes].

Olwen: Heroína galesa, filha do gigante Yspaddaden Penkawr.

Merlin: Figura já conhecida do círculo da mitologia arthuriana, este era o Grande Feiticeiro, o Druida Supremo dos galeses. (...) A tradição diz que Merlin dorme numa caverna de cristal depois de enganado por um encantamento de Nimue. Merlin era o senhor da ilusão, da profecia, da adivinhação, das previsões, dos artesãos e ferreiros. Diz-se ainda que tinha grande habilidade de mudar de forma. [Auxilia Arthur ao longo de toda a sua vida, o que indica a antiga tradição celta da aliança que deveria entre o rei e o druida].

Taliesin: Taliesin o Bardo, foi o druida chefe da corte de Arthur, um dos maiores reis da Inglaterra. Dominava a arte da escrita, a poesia, a sabedoria, a magia e a música. Taliesin é tido como patrono dos druidas, bardos e menestréis. [É o segundo nome de Gwion, o servente de Cerridwen, que deveria cuidar da mistura que ela fervia em seu caldeirão, mas por descuido acabou tomando três gotas do sumo e adquiriu toda a sabedoria do mundo. Por essa razão foi perseguido por Cerridwen que por fim foi engolido por ela, que depois de 9 meses deu a luz a um belo menino do "semblante brilhante", Taliesin].

(Taliesin, de Selina Fenech)