27 de maio de 2012

III EBDRC


III Encontro Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta
(III EBDRC)

Novo Hamburgo/RS
15 a 17 de novembro de 2012

Programação completa:

Primeiro dia – 15/11/2012 (quinta-feira)

12:00-13:00 – acomodação
13:00-14:00 – almoço
14:00-15:00 – abertura

15:00-16:30 – Marcos Reis (Caer Tabebuya, São Paulo/SP): Forças Xamânicas no Druidismo: ritos de cura inspirados nas Deidades e nos 3 Reinos.
Rito/roda de cura no qual cada pessoa poderá receber uma ação de cura e inspiração profunda para tocar a alma de cada um, deixando-o melhor para si mesmo, para todos e para o mundo.

16:30-17:30 – João Eduardo Schleich Uberti (Caer Itaobi/SP):  O Altar em Rituais Druídicos: uma tentativa de construção a partir da análise de altares politeístas contemporâneos.
O altar céltico por excelência é o fogo central de uma casa. Entretanto, em rituais públicos, às vezes se faz necessário um altar com elementos adicionais. Assim, a partir da exibição e explicação de imagens de altares contemporâneos de outras religiões politeístas, será debatido o significado do altar no rito público e proposta a criação de um altar pelos presente a partir dos simbolismos célticos.

17:30-19:00 – Ëldrich Hazel Ybyrapytã (Druidismo Nativo Ativista – D.N.A., Bragança Paulista/SP): Druidismo e Ecologia: crença / ciência / filosofia antiga para os tempos modernos.
Nesta palestra/debate, conduziremos nossas mentes aos confins de nossos antepassados e entenderemos a conexão da Ecologia como um termo moderno para o Druidismo, entendendo a fonte do Amor pela Terra praticado pelos Druidas e concentrando-nos nesta força que une ciência, filosofia e espiritualidade.

19:00-19:30 – coffee break
19:30-21:00 – Bellovesos Isarnos (Porto Alegre/RS): A Origem da Jurisdição dos Druidas.
Analisa a atividade dos druidas como árbitros entre as tribos gaulesas.

21:00-22:00 – Gabriel Braga Martone (Druidismo Nativo Ativista – D.N.A, São Paulo/SP): Eu – Tu – AWEN: Diálogos e Vivências em Tribo sobre a Sagrada Inspiração e o Espírito Fluidor no Druidismo.
A proposta deste espaço é estabelecer diálogos com todos os participantes a respeito da AWEN / IMBAS – A Sagrada Inspiração ou Espírito Fluidor e sua importância para o Druidismo. Além da troca das experiências entre os participantes, faremos alguns exercícios, cânticos para exercitar o contato e a abertura da tribo para a AWEN.

22:00 – jantar

Segundo dia – 16/11/2012 (sexta-feira)

11:00-12:00 – Mariana “Maia” Lomelino (São Paulo/SP): Planejando sua ida a Éire: como conhecer a Irlanda sem agência de viagens.
Planejando a viagem, sites de apoio, planilhas com preços atualizados, dicas de onde e como fazer tours, o que levar, como se organizar e dicas gerais de como funcionam as coisas na Ilha Esmeralda.

12:00-13:30 – almoço

13:30-15:00 – Darona Ní Brighid (Nemeton Samaúma, Belém/PA): Os Sídhe e os Encantados: traçando semelhanças e diferenças entre Druidismo e Encantaria amazônica.
Por meio de uma palestra em forma de roda-de-conversa, conheceremos um pouco sobre o universo da Encantaria amazônica: o que são os encantados ou “caruanas”, onde vivem, como se manifestam, quem é o(a) pajé ou curador(a) e como este(a) se relaciona com esses seres. A partir dessas informações, serão traçadas diferenças e, sobretudo, semelhanças entre algumas crenças e práticas da Encantaria e Pajelança com o Druidismo. Ao final da palestra, será conduzida uma meditação.

15:00-16:00 – Bellovesos Isarnos (Porto Alegre/RS): BindOgham.
Uso do Luthogam (um dos alfabetos ogâmicos do Livro de Ballymote) na criação de sigilos mágicos.

16:00-17:30 – Rowena Arnehoy Seneewen (Templo de Avalon – Caer Siddi, Itapetininga/SP): A linguagem corporal na visão celta.
O corpo está na alma e esse reconhecimento dá ao corpo uma dignidade sagrada e mística. Na espiritualidade celta,  encontraremos uma nova ponte entre o visível e o invisível, que pode ser expressada na dança, na música ou na poesia. Uma perspectiva baseada no livro Anam Cara – O livro de sabedoria Celta, de John O’Donohue, que descreve de forma poética a relação de amizade entre o corpo físico e anímico. A integração do homem com o Todo e o ambiente que o cerca; estão intimamente interligados, tal como um nó celta, pois os nossos sentidos são considerados portais para o divino. Vamos abordar, também, os dúile do corpo e como esses elementos podem ser trabalhados durante o nosso dia-a-dia. No início da palestra teremos uma vivência corporal, finalizando com uma breve meditação.

17:30-18:00 – coffee break

18:00-19:30 – Druida do Vento (Anastácio/ MS): Druidismo e Cultura Terena.
Explora brevemente o panorama histórico do Povo Terena, fazendo uma pequena mostra de sua cerâmica e objetos rituais e expondo mitologia e ritos do Povo Terena; traça um paralelo entre o druida e o xamã Terena; encerra com uma vivência em grupo.

19:30-20:30 – Sheilla Pereira Sabbag Uberti (Caer Itaobi, São Paulo/SP): Processos naturais: nascer, viver e morrer com honra.
Retomando os processos naturais de nascimento, vida e morte. Porque o nascimento hoje exige um médico? Porque a morte tem de ser escondida? Abracemos a vida com a honra que ela merece.

20:30-22:00 – Andréa Éire e Simão Proença (Caer Tabebuya, São Paulo/SP): Danças Escocesas.
A atividade consiste em danças de casais em grupos, onde os casais interagem entre si e com os outros casais, promovendo entrosamento entre todos os participantes. São danças agitadas e alegres, propícias para uma celebração.

22:00 – jantar

Terceiro dia – 17/11/2012 (sábado)

12:00-13:30 – almoço

13:30-15:00 – Jéferson Matthes (Ordem Walonom, Porto Alegre/RS): Uma sala de espelhos: conhecendo Walonom.
Possibilitar uma visão ampla e acertada sobre Walonom e seu trabalho, olhando de forma panorâmica e intimista, eis a intenção desta atividade.

15:00-16:00 – Joanna Doarco (Tribo da Onça Parda, Jundiaí/SP): Respirando os Caminhos.
Exercícios respiratórios na criação de imagens mentais e a sua interpretação.

16:00-17:30 – José Paulo Almeida (Caer Ynis, Florianópolis/SC): O Despertar: como os Druidas renasceram no séc. XVIII.
Nesta palestra falaremos sobre os aspectos que levaram ao Renascimento Druídico, sobre as linhagens surgidas nesse período e como influenciaram o druidismo moderno.

17:30-18:00 – coffee break

18:00-19:30 – Juliana Couto (Caer Ynis Cara/DNA – São Paulo/SP): Díndseanchas: encontrando seu lugar na Paisagem Sagrada.
Nesta palestra/vivência, procuraremos entender o  conceito de Díndseachas através de algumas histórias, buscando achar a religação com a paisagem, antes tão natural aos Celtas e hoje tão distante da maioria de nós.

19:30-21:00 – Darona Ní Brighid (Nemeton Samaúma, Belém/PA):  Danças Circulares Sagradas: honrando a Terra e a Tribo.
Uma vivência com danças circulares que celebram a Terra e a comunidade druídica brasileira, trazendo danças que evoquem tanto a cultura brasileira quanto a céltica.

21:00-22:00 – Mesa-redonda: CBDRC.
Discussão sobre o Conselho Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Céltico – CBDRC.

22:00 – encerramento

Mais informações: http://ebdrc.wordpress.com

26 de maio de 2012

Ancestralidades: Deuses, Antepassados e Espíritos.


Não estamos sozinhos no mundo. Não estamos isolados no aqui e agora. Cada um de nós está interligado ao seu passado e futuro. Somos frutos de nossos antepassados, pais de nossos pais e mães de nossas mães, e também resultados das escolhas que tomamos em cada passo de nossas vidas. Na cultura celta e no druidismo hoje, um dos mais importantes ensinamentos se refere às ancestralidades. As três grandes famílias são formadas pelos espíritos da natureza, os antepassados e os deuses, que estão relacionadas aos Três Mundos, Terra, Mar e Céu, mas não estão limitados a apenas um deles. Essa crença está simbolizada na imagem do triskle (acima), um antigo símbolo encontrado em diversos artefatos e objetos na cultura celta, como em pedras, espadas, escudos e jóias. São três espirais que se movimentam ao redor de um centro, e todas essas espirais estão interligadas entre si, completando o círculo da vida. Você é o centro, que está conectado as espirais, recebendo influência e influenciando-as. O centro é também a essência da Vida, o Espírito, a Grande Canção, onde nascem e se expandem as espirais, e onde elas se encontram.
Abaixo veremos uma breve explicação sobre as três grandes famílias ou as três ancestralidades.

Espíritos da natureza
Refere-se a todas as formas de vida na natureza. São os espíritos dos animais, das árvores, rios, pedras, fontes etc. São nossos irmãos de penas, escamas, pêlos, e tantos outros. São os espíritos da terra, espíritos da região, e podem ser inclusive espíritos humanos que de alguma forma se integraram na paisagem natural. Em nossa região amazônica, a sabedoria popular os chama de encantados ou caruanas, e como exemplos podemos citar o Boto, a Uiara ou Mãe d’água, e Curupira.
Nós não estamos separados da natureza, e nem somos tão diferentes desses seres, os outros animais. Nós somos natureza também. Nascemos da Terra, nosso corpo é feito dela. Como alguns mitos de outras culturas, como a grega e a judaica, nos contam que nosso corpo foi criado da lama, ou seja, da mistura da água com a terra. Estudos científicos apontam que o que nos diferencia dos coelhos ou macacos, são apenas alguns genes.
O povo indígena Kamaiurá também pensa dessa maneira, como atesta a antropóloga Carmen Junqueira, no artigo “Pajés e Feiticeiros” (2004). Ela escreve a respeito de uma crença desse povo em que os seres humanos e os outros animais falavam, em um tempo remoto, a mesma língua e todos eram essencialmente semelhantes. A autora escreve:

“Quando a vida foi criada, todos os seres se comunicavam numa mesma língua, o que facilitava a união entre espécies diferentes. E, mais ainda, por trás da aparência diversa residia uma semelhança niveladora: todos eram uma concretização do fenômeno da vida e, mais, eram mortais e possuíam uma alma. O fundamento que os animava era o mesmo e a diferença de aspecto pouco significava” (p. 4).

Em um trecho de uma prece druídica a Epona, lemos o seguinte:

“Como a terra é minha carne, pedra os meus ossos, cada erva é meu cabelo, o mar meu sangue, o Sol é minha pele, minha alma a Lua, as estrelas meus sentidos, minha razão as nuvens e o vento é minha respiração”.

Logo, nós não só estamos na natureza, como a natureza está em nós.


Antepassados

Os antepassados são nossos pais e mães, tios e tias, avós, bisavós, tataravós... São nossos ancestrais de sangue e a eles devemos nossa vida e a razão de estarmos na família em que nascemos. Herdamos deles os traços físicos, a educação, a nutrição, as alegrias e as dores, e uma parte importante de nossa personalidade. Os celtas demonstravam um profundo respeito para com os antigos, os mais velhos da família e da tribo, pois eles viveram mais do que nós, viram mais do que nós e com certeza têm muito a nos ensinar. Eles representam a memória não só de uma vida, mas de uma ou mais gerações. O respeito aos mais velhos, e consequentemente a tradição e ao passado, é uma das coisas mais importantes que o druidismo ensina, e que nossa sociedade hoje mais precisa aprender. Lembrar de nossos antepassados, aqueles que já foram para o Outro Mundo e as ilhas além do Mar, respeitar sua memória, e não nos esquecer dos laços que temos com eles, são atitudes que devemos manter sempre.
Mas, não temos como nossos antepassados apenas os do laço sanguíneo. Há também os antepassados espirituais, ligados a nós, não com laços de sangue, mas de afinidade espiritual. Como druidas/druidesas e druidistas (ou politeístas celtas) temos como nossos antepassados os druidas e celtas antigos, que viveram séculos antes de nós, em terras distantes da nossa (como no nosso caso), mas que ainda assim nos influenciam e nos despertam o interesse e afinidade profunda por sua cultura e espiritualidade. São os povos gaélicos, gauleses, bretões, galeses e galaicos que viveram nas terras que chamamos de célticas (Irlanda, Escócia, Inglaterra, França, Galícia...), e que deixaram na história da humanidade profundas marcas de sua cultura, e nos inspiram hoje a (re)construir sua cultura e religião.

Deuses

Os deuses e deusas são os ancestrais mais antigos que temos. Viveram em um tempo em que o próprio tempo ainda não existia, e a Terra como a conhecemos ainda estava se formando. Os consideramos deuses porque são extremamente antigos, conhecem o(s) mundo(s) em profundidade, suas forças e seus mistérios, e por isso têm poder, porque eles são as forças do mundo, eles exprimem as forças da natureza. Muitos deuses ou deusas têm sua morada ou seu corpo formado por um rio, montanha ou colina. Alguns deuses podem ser os próprios ancestrais de uma tribo celta, que o viam como um antepassado primordial, que poderia descender mesmo de uma divindade. Se entendermos por essa forma, veremos que os deuses e deusas são nossos antepassados também. São nossos Pais e Mães primordiais e, portanto, nossa família mais antiga. A diferença é, além da ancestralidade, a enorme sabedoria que eles possuem, e também a imortalidade. No texto “Ensinamentos de Fintan”, de Bellovesos, encontra-se uma concepção muito interessante de imortalidade, e é mais ou menos dessa forma que compreendemos o que é ser imortal.

“A água cai do céu, corre pela terra nos leitos dos rios, descansa nos lagos, sobe nas altas ondas dos mares, retorna ao firmamento atendendo ao chamado do Sol e, quando a brilhante Grēnā assim determina, vem outra vez fazer fértil a terra. A árvore cobre-se de brotos na primavera, seus frutos amadurecem no outono, o inverno deixa-a nua e coberta de neve à espera de uma nova primavera que virá no círculo sem fim das estações. Os livros que vocês trouxeram falam de pecado, punição e morte. Não os li, não me interessam. Li o mundo. Em meu livro, a morte é porta que se abre para outro nascimento, inseparável da vida exatamente como a noite leva a um novo dia. Está escrito no mundo: tudo é passageiro na roda que começou a girar antes que o tempo existisse, que não deixará de seguir seu curso antes que o tempo acabe, pois somente aquilo que nasce dentro do tempo pode dentro dele ter fim. Imortal porque sempre renovado, vivo como o mundo vive. Por isso tornei-me testemunha de todos os reis.” (Ensinamentos De Fintan, por Bellovesos).

Deuses, antepassados e espíritos da natureza. Essas são as nossas grandes famílias. Todas interligadas entre si e conectadas a nós. Entre esses laços deve haver sempre honra, respeito e hospitalidade, e isso deve ser ensinado aos nossos filhos e aos filhos deles, pois hoje somos nós lembrando dos ancestrais e antepassados, mas amanhã nós é que seremos lembrados como antepassados de alguém ou de uma geração. Nas palavras do druida Marcos Reis (do Caer Tabebuya):
“Se deixe levar pelo sangue e ele te mostrará um caminho antigo, de nomes esquecidos, batalhas ganhas e perdidas e assim, o Rio se faz em você, e para onde ainda irá percorrer em um mundo que amanhã será ancestral de alguém”.

Meditação com os Ancestrais:

Feche os olhos, respire fundo três vezes. Veja e sinta a Terra sob seus pés, o Céu acima de você, e o Mar ao seu redor. Veja uma luz descendo do Céu tocando sua cabeça até seus pés, preenchendo seu corpo. Veja uma luz saindo do coração da Terra, subindo por seus pés e chegando até a cabeça. Veja uma luz vinda do Mar, azul e profundo, que te rodeia e preenche seu corpo totalmente. Então veja as três luzes se encontrando no seu coração, no seu centro, e formando uma espiral de luz e força. Respire fundo...
Agora veja uma árvore bela e grande. As suas raízes são fortes e se afundam no mais profundo da terra e bebem de uma água pura e cristalina. Veja na base da árvore, nas raízes, a sua família, seus parentes próximos e distantes, seus antepassados, aqueles que já se foram, e aqueles que você não conheceu nessa vida, os antigos celtas, com seus mantos quadriculados e coloridos, segurando lanças e escudos, harpas e flautas. O tronco da árvore é forte e saudável, coberto de musgo e flores. Veja no tronco da árvore todos os seres que te rodeiam, os seres de pele, de escama, de penas e folhas, os seres que voam, que andam, nadam ou rastejam. Veja a natureza como um todo, os rios, as florestas, montanhas, e sinta como há vida em tudo isso, como a natureza e os seres pulsam vida e energia. Você vê agora a copa da árvore, os seus galhos são fortes e altos que alcançam o céu e podem tocar o sol, a lua e as estrelas. Veja na copa da árvore os Deuses, os Imortais, as Forças que regem a natureza, veja Taranis, Dagda, Morrigan, Brighid, Lugh, e outros deuses a quem tens devoção.
Veja a grande árvore, veja as três grandes famílias. Agora perceba que a árvore é você. Você é a árvore. E as três grandes famílias, os Ancestrais, estão ligados a você, e você a eles. Mantenha fixa essa imagem. Agradeça e honre. Respire fundo. E abra os olhos.



Por Darona Ní Brighid (Mayra).


Foto: Nemeton Samaúma na roda de conversa sobre "Ancestralidades" (26/05/12).

* Texto utilizado na Roda de Conversa sobre Druidismo, realizada em 26/05/12, no Bosque Rodrigues Alves (Belém-PA).

23 de maio de 2012

Paganismo Reconstrucionista Celta


Texto escrito por: Erynn Rowan Laurie, Aedh Rua O'Morrighu, John Machate, Kathryn Price Theatana, Kym Lambert ní Dhoireann, ed. por Erynn Rowan Laurie. Tradução de Lornnah Carmel. 



História 
A idéia das religiões reconstrucionistas pagãs surgiram pelo menos em meados dos anos 70 e foram discutidas na edição de 1979 do livro de Margot Adler Drawing Down the Moon. Algumas organizações, como a ADF tem realizado um trabalho reconstrucionista há alguns anos, mas seu foco nunca foi pura ou particularmente Celta.

Muitas pessoas tem debatido sobre o que constituiria uma espiritualidade e uma religião genuinamente Celta, e como educar as pessoas sobre a diferença entre Wicca e as diversas formas de paganismo Celta.Essas discussões inicialmente aconteciam em publicações pagãs e ao redor do fogo nos encontros pagãos iniciados no começo dos anos 80. Com o avanço da internet, os diálogos online, fóruns e listas de discussão tornaram-se fator critico que encabeçavam uma rápida distribuição de informação depois de 1989. A expressão RECONSTRUCIONISMO CELTA (RC) começou a ganhar uso comum durante o ano de 1992 -93 para descrever indivíduos que estavam tentando entender, pesquisar e recriar um caminho Celta autêntico para pagãos modernos. 

Com a fundação do Nemeton-L e-mail list para pagãos célticos e druidas em 1994, o movimento começou a crescer, unindo indivíduos de todas as partes do mundo. Cada pessoa trazia sua visão particular para esse e outros fóruns que subsequentemente se formaram. Grupos locais começaram a se formar e assim organizações nacionais começaram a ser fundadas sobre esses princípios.Artigos foram escritos e arquivados e informações foram livremente compartilhadas.

A maioria dos fundadores do CR vieram de uma bagagem Wicca, com influencia da ADF, do Keltria e de outros grupos similares.Juntos e separados, eles buscavam textos, estudos dos idiomas Celtas,faziam meditações e trabalhos de jornada espiritual, escreviam poesias e artigos e trabalhavam juntos para juntar material suficiente para criar uma base de sustentação para uma tradição Celta moderna que respeitasse as fontes ancestrais ao mesmo tempo que rejeitasse componentes das ancestrais religiões célticas que são inapropriadas aos praticantes modernos, tais como sacrifício humano e outros fortes elementos patriarcais dessas antigas sociedades.

Devido a natureza limitada das fontes materiais a respeito do paganismo tribal celta, essas pessoas também consideraram inspirações de outras culturas no intuito de preencher as lacunas para construir rituais e comunidades. Fontes nórdicas, hinduístas e praticas puja , tradições extáticas como Voudon e Umbanda e religiões tribais animistas foram examinadas na intenção de oferecerem semelhanças com o que encontramos nas fontes primarias e secundarias sobre a religião Celta.O trabalho de Sean Ó Tuathail foi fundamental para muitas pessoas nesse movimento construtor, na rejeição do modelo dos 4 elementos e propondo a cosmologia dos Três Reinos que consistem numa tríade de Terra, Mar e Céu.Sua frase, An Thríbhís Mhòr (o grande espiral triplo) tornou-se de uso comum para se referir aos três reinos.

Nesse artigo (Julho 2003) existem grupos ativos e indivíduos na net, e também um monte de fóruns de discussão ainda que alguns deles sejam bem pequenos. A Nemeton-L list continua sendo a maior fonte das comunidades Reconstrucionistas Celtas. O Imbas website tem um importante arquivo de informações sobre Reconstrucionismo Celta e outras tradições similares. 

O movimento Reconstrucionista Celta não pretende ou reivindica ser o Verdadeiro e Autentico Sobrevivente de nenhuma tradição céltica. Nós reconhecemos abertamente que o que nós praticamos são um punhado de criações modernas, baseadas e inspiradas nas crenças ancestrais célticas. Nós seguimos nossa inspiração enquanto permanecemos tão verdadeiros o quanto nos for possível as referencias que encontramos nos textos antigos, no trabalho dos estudiosos e arqueólogos, e os aspectos práticos do que funciona bem para nós. O Reconstrucionismo Celta é um caminho de constante crescimento e evolução, pesquisa e aprendizado, misticismo e experiência extática e intensa vida espiritual. 

Principais Crenças 
Nosso caminho é politeísta e animista. Nós acreditamos que existem vários deuses e que eles são entidades separadas e independentes merecedoras de culto. Nós acreditamos que os ancestrais e espíritos da terra/natureza também são entidades individuais merecedoras de reconhecimento e reverência. Essas entidades existem num grupo coeso e não isolado dividido por categorias. A maioria dos Reconstrucionistas Celtas acreditam que as deidades e espíritos agem nesse mundo e em suas vidas pessoais, influenciando-os e respondendo as preces, oferendas e sacrifícios. Nós acreditamos que o mundo é volvido de espíritos. Alguns acreditam que apenas os animais e árvores tem almas, mas também montanhas, rios, poços sagrados e outros fenômenos naturais também. Alguns acreditam que objetos criados podem ser imbuídos de espírito. Indivíduos e grupos freqüentemente seguem uma ou mais deidades que eles considerem especial ou tutelar, ou particularmente ligados a sua região ou foco de atividades. Muitos indivíduos se dedicam a uma ou mais deidades patrono/matrona.

As deidades celtas são o principal foco de nosso culto. Quando um reconstrucionista celta trabalha com deidades de outras culturas, ele o faz separadamente e de forma considerada culturalmente propicia aquelas deidades. Praticantes de reconstrucionismo celta raramente misturam ou escolhem espíritos ou divindades de diferentes culturas - até mesmo de diferentes culturas celtas - em um mesmo ritual. Se isso acontecer, será sempre com respeito a cada cultura e deidade envolvidas. Todas as deidades são respeitadas, mas nem todas são cultuadas. Certos na crença de que cada deidade tem desejos e personalidades individuais, Reconstrucionistas Celtas preocupam-se em invocar e trabalhar com deidades que tenham afinidade umas com as outras e ao mesmo tempo seguindo o conhecimento. Reconstrucionistas Celtas sentem se por um lado o culto é apropriado, humilhar-se perante a deidade não é. Nossas deidades exigem responsabilidade pessoal e que nós agimos com uma postura de força e respeito próprio.

Muitos Reconstrucionistas Celtas vêem o Cosmos da maneira dos Três Reinos, da Terra, do Mar e do Céu. Outros consideram um Submundo, um Meio-Mundo e um Mundo Superior em seu entendimento de cosmologia. Ainda há outros que considerem uma idéia de Outro Mundo ou Outros Mundos que coexistam com esse aqui. Todos esses Outros Mundos são considerados reais e acessíveis a aqueles com habilidades especiais. Em todas essas abordagens, o fogo exerce um diferente papel que nos principais neo-paganismos e Wicca. O fogo, particularmente o fogo que vem da água, pode ser visto como símbolo do Imbas ou Awen- a divina inspiração. Alguns vêem isso como o pivô central sobre o qual o Cosmos gira - um equivalente espiritual a árvore do mundo. 

A árvore da vida é entendida como o centro do Cosmos, sob a qual os vários mundos são suspensos ou da qual crescem. Essa árvore pode ser fisicamente representada tanto como uma arvore real quanto por um poste que pode ser o poste central ou pilar de sustentação de uma área ritual ou da casa de alguém. 

Deuses e espíritos são percebidos como semelhantes aos seres humanos e assim eles tem mal humor, desejos e vontades, e do ponto de vista de que eles não são necessariamente amorosos e bondosos o tempo inteiro. Que existem perigos nos espíritos do mundo é completamente reconhecido e aceitável. Oferendas são algumas vezes dadas como apaziguadoras assim como presentes para esses seres. 

Quando os elementos são discutidos ou usados em nossos rituais (e nem todos os Reconstrucionistas Celtas o fazem), o número varia de sete a onze, baseado no conceito de diferentes aspectos do mundo físico como “elementos”. Fenômenos físicos como chuva, sol, nuvens, plantas, pedras, solo, mar, vento e outros, são elementos e por vezes são equiparados com partes do corpo ou conceitos filosóficos importantes no conhecimento como consta em algumas fontes primárias de material. O sol por vezes, é igualado ao rosto, estrelas aos olhos, nuvens a mente ou pensamentos e plantas com os cabelos. É comum dizer que os reconstrucionistas não acham tabelas de correspondências algo que tenha muito utilidade, uma vez que o universo é um orgânico e não fica bem dentro de caixas e divisórias...

No ramo irlandês e no escocês de Reconstrucionismo Celta, o corpo é visto como contingente de uma estrutura energética interna em forma de três caldeirões que provêm e processam energia e inspiração vinda das deidades. O estado dos caldeirões em um corpo reflete em seu estado de saúde física e emocional. Trabalhos de cura e meditação são freqüentemente realizados com esses três caldeirões.

Homens e mulheres são iguais em poder e capacidade na liderança de grupos reconstrucionistas. Ambos ocuparão cargos de pesquisadores, estudiosos, clérigos, guerreiros, artesãos, lideres tribais entre outros. E dada igual reverência aos Deuses e Deusas. O reconstrucionismo celta esta repleto da participação de minorias sexuais, muitos de seus fundadores e pensadores são gays, lésbicas, bissexuais ou transformistas. O feminismo é visto por muitos como componente vital de suas filosofias, práticas e trabalho pessoal.

Ainda que muitas pessoas de ancestralidade celta sejam adeptas do movimento, ser descendente dos Celtas não é obrigatório. Nós respeitamos todos os nossos ancestrais e mestres, sendo eles Celtas ou não. Muitos de nós possuem pouca ou nenhuma ancestralidade Celta, mas todos nós aceitamos o ancestral povo Celta como ancestrais espirituais em nossa busca pessoal. Já que sabemos que toda a humanidade se originou na África, acreditamos que somos todos de uma grande família humana, com um só sangue. Celtas reconstrucionistas são todos fortemente contra o anti-racismo e abertos a pessoas de todas as cores, raças e etnias que desejem seguir as Divindades Celtas no estilo reconstrucionista. 

Nosso trabalho na reconstrução de uma religião céltica autêntica foi influenciado pelas práticas indígenas de outras culturas como Vudu, animismo tribal e Hinduísmo. Contudo, não incorporamos aleatoriamente partes dessas tradições, nem clamamos representá-las, elas tem suas próprias estruturas religiosas e comunidades. Nós fazemos o que podemos com o conhecimento Celta, onde existem lacunas vazias, e então nós buscamos as tradições sobreviventes com práticas similares para termos a melhor idéia de como preencher os espaços vazios mantendo o espírito celta. O conhecimento de outras culturas também serve como um maravilhoso feedback para examinarmos e validarmos o conhecimento que vem de nossa inspiração individual. 

Devido ao nosso elo com espíritos da natureza e ao fato de que a Terra onde vivemos é sagrada, muitos celtas reconstrucionistas consideram o envolvimento com o meio ambiente e o ativismo uma parte fundamental de suas práticas. Muitos se empenham em conhecer a ecologia local, considerando de vital importância conhecer plantas, pássaros e animais como uma maneira de se conectar com o território em que vivem e espíritos na natureza. Metáfora natural é uma coisa comum na linguagem dos filósofos, ritualistas e pensadores reconstrucionistas e nós absorvemos isso da longa tradição de poesia natural e misticismo das Terras Celtas. Ativismo ecológico e ecofeminismo também fazem parte das práticas individuais do movimento reconstrucionista. 

Pesquisa, misticismo e experiência extática e inspiração pessoal são todos valiosos no Reconstrucionismo Celta. Todos são necessários, ainda que alguns indivíduos e grupos definam um ao outro como prioridade. Habilidade pesquisadora e conhecimento teórico são profundamente respeitados no movimento. Entendimento e apreciação histórica também são importantes. Conhecimento das línguas celtas não é necessário, mas um vocabulário prático de termos técnicos é valorizado e respeitado no movimento. Alguns conduzem os rituais parciais ou inteiramente em língua celta quando possível. Inspiração individual e os frutos dessa meditação, êxtase e trabalhos misticamente orientados também são trabalhos altamente valorizados. Todos são debatidos, compartilhados e examinados para que sejam incluídos as praticas individuais ou grupais.

Estrutura clerical 
Onde existem cleros no Reconstrucionismo Celta - e em muitos ramos não existe nenhuma espécie de clero ou estrutura que o valha - ele é freqüentemente formado por professores ou compositores ou líderes de um grupo ritual. Os clérigos podem ser curandeiros ou árbitros em disputas, dependendo da comunidade que participam. Eles freqüentemente são adivinhos, filósofos e teólogos do movimento, ainda que nenhuma dessas atividades seja exclusiva aos membros do clero. Reconstrucionismo Celta descreve-os como Draoi ou Filidh, ou outros termos em idioma celta.

O Reconstrucionismo Celta não é uma religião clerical como a Wicca e como druidismo em geral, tende a ter Guerreiros, fazendeiros, escritores, artesãos e muitos outros podem seguir um caminho doméstico ou praticar com um grupo que possua clero. Artesãos, escritores e outros podem se identificar como Aes Dána ou "pessoa da arte". Indivíduos podem consultar alguém que considerem clérigos por conjectura pessoal ao invés de pertencer a um grupo. Todos são bem vindos tenham preferência por seguir um clero ou não.

Organização de grupos 
Cada grupo se organiza de maneira diferente um do outro. Não existe sequer uma estrutura universal seguida por todos, ou uma maioria de praticantes de Reconstrucionismo Celta. Alguns se identificam como Bosques outros como Tribo ou Tuatha outros preferem ser famílias enquanto outros preferem se organizar em colégios druídicos, hedge schools, ordens Bridianas etc. Não existem regras governando a criação ou a prática de grupos a não ser os princípios gerais e éticos da própria tradição em si. 
Princípios de conduta 

Os praticantes de reconstrucionismo celta acreditam que há limites para o que se pode e deve fazer num senso ético e social, baseado em conceitos tirados das Brehon Laws da Irlanda e outras fontes tradicionais, tais como as Instruções de Morann mac Main ou as Tríades Irlandesas e Galesas. Alguns reconstrucionistas celtas submetem-se a uma série de virtudes seguidas por muitos tais como Verdade, Honra, Justiça, Lealdade, Coragem, Comunidade, Hospitalidade, Força e Gentileza. 

Guerreiros são honrados, mas a violência não é a primeira nem a melhor solução para resolver nenhum problema. As pessoas dentro do movimento podem ser veteranos ou pacifistas, por vezes são ambos. O posto do guerreiro é visto como de legítimo protetor da tribo, não como alguém que acerta o primeiro que lhe der na telha...

Reconstrucionistas Celtas rejeitam veementemente racismo, sexismo, homofobia e qualquer outra forma de discriminação que divida as pessoas em grupos rivais.

Dias Sagrados 
Reconstrucionistas Celtas seguem os 4 festivais principais dos Antigos Povos Celtas, são eles: 

Oíche Shamhna/Samhain 
Lá Fhaile Bríde/Oímealg 
Lá Bealtaine/Bealtaine 
Lá Fhaile Lœnasa/Lughnasadh 

Grupos e praticantes isolados podem talvez pronunciar ou nomear esses festivais de diferentes maneiras, na linguagem da cultura que estejam almejando reconstruir. Os nomes podem ser em galês, córnico, gaulês ou outros idiomas. Reconstrucionistas gauleses geralmente celebram os festivais de acordo com o calendário de Coligny. De maneira geral, as estações são marcadas por mudanças do clima e da paisagem local e não da estrita observação de datas no calendário. Reconstrucionistas por todo globo consideram a observação dessas mudanças mais útil que qualquer vínculo ao calendário.

Somam-se a esses 4 festivais, grupos e indivíduos podem acrescentar festivais ou devoções a deidades individuais ou de acordo com o clima local, um fenômeno natural local que tenha significado para eles. No Pacifico noroeste, reconstrucionistas celtas celebram um festival anual na época dos salmões. Outros talvez celebrem um festival para Épona no começo de dezembro ou em Man eles paguem tributos a Manannan por volta do solstício de verão.

Modos de culto 
O culto varia enormemente no movimento reconstrucionista. As semelhanças se encontram mais na concordância filosófica que na consistência dos padrões rituais entre os grupos.

Reconstrucionistas Celtas não traçam círculos, ao contrário de muitas outras tradições neo-pagãs. Sentimos, no movimento, que o mundo inteiro é sagrado, e assim não temos que delinear o que é ou não sagrado (há controvérsias, existem grupos de RC que traçam círculos para demarcar a área ritual, mas ao invés de chamarem os 4 elementos como o fazem as vertentes neopagãs, é feito uma meditação com os Três Reinos, os 4 ventos ou as 4 cidades míticas irlandesas; na verdade, depende de que ramo ou região celta – Irlanda, Escócia, Bretanha etc – o grupo se afina). Alguns reconhecem 4 ou 12 ventos, marcando divisões no mundo em quadrantes ou províncias. A maioria dos reconstrucionistas montam altares, lareiras ou santuários em suas casas, alguns dedicados a deidades individuais, outros a espíritos ou ancestrais, alguns montam altares para propósitos mágicos específicos como cura ou inspiração. Muitos altares não tem a forma padrão neo-pagã (mesas) ou templo com objetos, mas sim podem ser a raiz de uma árvore, um monte de pedras, uma fonte... 

Divindades são chamadas para nosso culto como convidados e como foco de nossa devoção. Espíritos e ancestrais também são convidados. A maioria dos rituais envolvem oferendas de comida, bebida, incenso e outras coisas. As vezes são feitos pedidos as Deidades, espíritos ou ancestrais ainda que essa não seja a razão principal do ritual. Se pedidos são feitos, oferendas são sempre levadas. Divinação é freqüentemente feita após a entrega de uma oferenda para verificar se ela é aceitável.

Aqueles que cultuam Brid podem organizar células de 19 pessoas, alguns grupos só admitem mulheres, para manter a chama sagrada. Essas células normalmente consistem de 19 pessoas que por todo mundo mantém a chama por vinte dias, quando as 19 pessoas se revezam, e acredita-se que Brid em pessoa mantém a chama no vigésimo dia. A maioria dos grupos requer ritual específico, mas pedem que cada pessoa dedique seu trabalho nesse dia à Brid. Seguidores de outras deidades podem fazer meditações similares ou trabalhos de vigília, seja em grupo ou sozinho.

Alguns reconstrucionistas celtas estão trabalhando em formatos em prol de rituais domésticos (estilo sweat-house), como sabemos que foram parte da tradição celta insular de práticas de cura, e podem ter sido usadas como purificação e com propósitos divinatórios. Incubação de sonhos e prática para acessar inspiração, chamados de Imbas em irlandês ou Awen em galês também tem sido explorados. Meditações estilo Mala ou Rosário também tem tomado lugar no movimento, inspirados pelo livro "A Circle of Stones" de Erynn Rowan Laurie. Muitas pessoas tem tomado essa idéias base e criado suas próprias meditações. 

Muitos reconstrucionistas celtas consideram cada ação diária como uma forma de ritual. Alguns tiram inspiração do Carmina Gadelica e criam músicas e orações para cada etapa do dia. Outros fazem oferendas quando estão colhendo ou lidando com ervas. Alguns rituais são vistos com igual ou maior importância que os 4 festivais principais. Isso varia de dia para dia e de propósito para propósito. Normalmente reescrevemos nossas preces e feitiços de fontes medievais. Muitos trechos de manuscritos cristãos parecem ser de edições anteriores de forte espírito pagão e reeditá-los e dedicá-los a deidades pagãs parece correto e natural. Não acreditamos que um ritual deva ser formal para ter efeito ou ser útil, e tais ações diárias estão alinhadas com a cultura baseada num estilo de vida tribal.

Alguns reconstrucionistas rurais que criam animais para alimentação fazem oferenda aos animais e oferecem o espírito desses animais aos deuses num ritual de sacrifício. Sacrifícios dessa espécie são feitos apenas quando o animal seria de qualquer maneira morto para alimentação. Outros sacrifícios incluem quebrar objetos rituais e oferecê-los em fogueiras ou fontes de águas naturais como presente para as deidades ou espíritos, ou fazer figuras de ervas sagradas para sacrifícios de outros tipos.

A magia é parte da prática reconstrucionista. Reconstrucionistas não trabalham nos formatos platônico, hermético ou de magia cerimonial, nem quando se trata do modo como eles entendem o Cosmos e os espíritos do mundo. Ogam é um veículo comum de adivinhação, como a análise de penas de um pássaro ou o observar das nuvens. O sonho e o estado de visões são uma importante fonte de inspiração e divinação. A poesia e a música são freqüentemente vistos como componentes fundamentais da magia reconstrucionista. Feitiços elaborados a partir dos feitiços encontrados no folclore celta tradicional são constantemente usados, com poemas cantados sobre eles para aumentar seu poder. Reverência aos Deuses e ajuda dos espíritos sempre fazem parte da magia reconstrucionista também. 

10 de maio de 2012

Roda de conversa sobre Druidismo (nova data)


Tema: "Ancestralidades - Deuses, antepassados e espíritos"... e o que mais a inspiração deixar fluir...
Dia 26/05/12 (sábado), às 10:00 h, no Bosque Rodrigues Alves (Belém/PA).

Para mais informações mande um email para: nemeton.samauma@hotmail.com

Bençãos dos Três Mundos /|\